A Confederação das Associações Económicas (CTA), que representa o sector privado, manifestou esta sexta-feira (18) preocupação com o impacto económico da paralisação de actividades convocada pelo candidato presidencial Venâncio Mondlane, alertando para as consequências que tal acção pode ter sobre a já frágil economia do País, informou a Lusa.
“Nós já estamos aflitos com a falta de divisas para assegurar as importações e, por várias vezes, alertámos que a economia sofre com o excesso de feriados e tolerâncias de ponto. Este tipo de discurso político só complica ainda mais a situação”, afirmou o presidente da CTA, Agostinho Vuma.
A paralisação, convocada para segunda-feira (21), surge como forma de contestação aos resultados preliminares das eleições gerais de 9 de Outubro, divulgados pelas comissões distritais e provinciais. Os dados indicam uma clara vantagem para a Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo) e para o seu candidato presidencial, Daniel Chapo, com mais de 60% dos votos.
Agostinho Vuma sublinhou que a instabilidade que se verifica ciclicamente em Moçambique após as eleições representa um desafio contínuo para a economia, agravada pelo facto de o País estar num período de transição até à aprovação do próximo Plano Quinquenal, em 2025.
“A instabilidade pós-eleitoral tem sempre um impacto negativo na economia, e é fundamental que os políticos estejam conscientes disso”, frisou Vuma.
Venâncio Mondlane, por sua vez, defende que a paralisação é “uma janela de contestação” aos resultados, que classifica como “grosseiramente fraudulentos”. Para o candidato, o direito à greve é garantido a todos os cidadãos, seja no sector privado ou público, e não requer qualquer tipo de autorização prévia.
“Esta é uma acção pacífica, sem intenção de atacar instituições. Trata-se simplesmente de uma paralisação de actividades, e nada mais”, afirmou Mondlane, reiterando que o movimento visa questionar a legitimidade dos resultados eleitorais.
As eleições gerais de 9 de Outubro incluíram a eleição presidencial, legislativa e para as assembleias e governadores provinciais. A Comissão Nacional de Eleições tem até 24 de Outubro para anunciar os resultados oficiais, sendo que o Conselho Constitucional deverá posteriormente proclamar os resultados finais, após a análise de eventuais recursos.