Há pouco mais de uma década, a Rio Tinto (multinacional australiana) estava a ressentir-se do impacto de investimentos mal-sucedidos como a compra do grupo de alumínio Alcan, que estava no topo do mercado, e depois a aquisição mal concebida da Riversdale Mining, uma empresa de carvão centrada em Moçambique.
Depois de milhares de milhões de dólares em encargos, cortes de custos e falsas partidas, a empresa mineira regressou à luta das fusões e aquisições, tendo anunciando esta segunda-feira, 14 de Outubro, a aquisição da Arcadium Lithium por 423,44 mil milhões de meticais (6,7 mil milhões de dólares).
Segundo o portal de notícias Mining Weekly, o investimento actual é modesto em comparação com os anteriores. O acordo em dinheiro é uma expansão significativa e há muito esperada da aposta da Rio Tinto no lítio – um metal do qual outros mineiros diversificados se afastaram, preocupados com a abundância geológica, entre outros factores.
A atitude da empresa marca também um claro passo em direcção ao crescimento aquisitivo. “O desenvolvimento da aquisição da Arcadium levou anos para ser concretizado”, disse Kaan Peker, analista da RBC Capital Markets, acrescentando que “eventualmente, como vimos ao longo dos últimos meses, foi impulsionado por um fundo cíclico do preço do lítio”.
O site conta que o sector mineiro, em geral, está apenas a começar a mudar a sua atenção para a expansão. Durante anos, após o último frenesim, os accionistas da empresa exigiram apenas melhores retornos. Enquanto o rival BHP Group testou águas profundas em 2022, com a mudança para a OZ Minerals (fez uma oferta sem sucesso para Anglo American no início deste ano), a Rio Tinto conteve-se.
Pessoas familiarizadas com o assunto há muito que apontam para estruturas internas pesadas e uma abordagem conservadora do CEO da Rio Tinto, Jakob Stausholm, que era director financeiro até à destituição do seu antecessor em 2020, o que proporcionou uma abertura inesperada no topo. Os comentários públicos apontam para a ausência de acordos.
O Mining Weekly escreve que a mineradora se debateu com um problema que tem afectado outros grandes pares como a BHP. “Quando o lucro provém maioritariamente das vastas minas de minério de ferro, é difícil encontrar acréscimos suficientemente lucrativos e de dimensão considerável para fazer mexer a agulha. O cobre é caro e difícil de encontrar. Os metais amigos da transição energética, como o lítio, utilizado nas baterias, tendem a ser de menor escala, com muito valor no processamento”, escreve o site.
A Rio Tinto anunciou em 2014 a venda da mina de carvão de Benga e outros projectos na província de Tete, centro de Moçambique, ao grupo indiano Coal Ventures Private Limited (ICVL). A multinacional australiana vendeu os seus activos pelo equivalente a 2,5 mil milhões de meticais (40,7 milhões de dólares), muito abaixo dos 183,2 mil milhões de meticais (2,9 mil milhões de dólares) a que comprou em 2011.