A escassez de divisas, que tem vindo a ser reclamada por diversas empresas com necessidades de importação de bens, está também a afectar o sector de distribuição de combustíveis líquidos, informou o jornal notícias esta sexta-feira, 11 de Outubro.
De acordo com as informações, duas das empresas de distribuição, a Puma e a Vivo Energy, emitiram comunicados há alguns dias a anunciar que estão a enfrentar dificuldades no pagamento das facturas devido à escassez de divisas no mercado.
Ambas as companhias salientam que, se não se registarem progressos significativos nos próximos dias, será inevitável uma reavaliação das operações, incluindo o volume de vendas.
“Devido a circunstâncias fora do nosso controlo, lamentamos informar que estamos a enfrentar dificuldades consideráveis na importação de combustíveis, em virtude da grave escassez de moeda estrangeira disponível nos bancos comerciais. A obtenção de garantias bancárias necessárias para assegurar as nossas aquisições desta mercadoria tem-se revelado extremamente desafiadora”, lê-se no comunicado da Puma ao qual o notícias teve acesso.
Por outro lado, a Vivo Energy, através de uma nota assinada pelo seu administrador executivo João Oliveira e Sousa, chegou a recomendar aos parceiros para adquirirem esta matéria-prima noutros distribuidores enquanto a situação perdurar.
De acordo com o porta-voz do Importador Moçambicano de Combustíveis (IMOPETRO), Celso Banzé, apesar das preocupações das empresas com as dificuldades de importação, o País ainda tem combustível em stock suficiente para o mercado.
No entanto, o responsável elucidou que o problema está relacionado com o pagamento de facturas dos combustíveis entre as empresas e respectivos fornecedores, contextualizando ainda que, desde que se decretou a liberalização desta componente financeira – antes exercida pela IMOPETRO-, o pagamento de facturas nas importações é feito de forma directa, apontando este procedimento como o principal impasse que actualmente se verifica.
A inexistência de divisas no mercado tem vindo a ser insistentemente levantada pelo sector privado nos últimos anos, apesar de o governador do Banco de Moçambique, Rogério Zandamela, também insistir que o mesmo não é um problema global, mas sim de algumas instituições financeiras.
Na semana passada, a Confederação das Associações Económicas (CTA) voltou a discordar de Zandamela, referindo, inclusive, que a falta da moeda convertível está relacionada com o facto de o banco central ter aumentado, entre 2022 e 2023, a taxa de juro de reservas obrigatórias de 11,50% para 39,5% o que pressiona a liquidez em moeda externa.