A Reserva Especial do Niassa (REN), localizada no norte de Moçambique, está determinada em aperfeiçoar os mecanismos de mitigação do conflito homem-fauna bravia, que tem ceifado vidas e provocado danos materiais significativos, sobretudo em culturas alimentares, informou o jornal notícias esta sexta-feira, 11 de Outubro.
Para o efeito, esta instituição concluiu recentemente uma formação intensiva, na qual participaram 34 actores de gestão de recursos naturais, incluindo líderes comunitários do distrito de Mecula, escreve o órgão.
O administrador da REN, Terence Temele, afirmou que os formandos foram dotados de ferramentas para lidar eficazmente com os animais selvagens, razão pela qual se justifica a inclusão dos líderes comunitários, tidos como actores-chave na transmissão de mensagens às comunidades.
A ideia é que, com o seu conhecimento, influenciem as comunidades a saber conviver com os animais selvagens e, assim, evitar conflitos. A protecção dos recursos naturais, faunísticos e florestais foi outro tema transmitido aos participantes durante a formação promovida pela REN, que capacitou os líderes comunitários, nomeadamente os envolvidos nas técnicas de monitorização e gestão sustentável das riquezas da região.
“O nosso objectivo é garantir que os líderes comunitários e guardiões sejam capazes de aplicar estratégias que promovam a preservação da flora e fauna bravia e, simultaneamente, salvaguardar a vida da população local”, explicou o responsável.
A formação também inclui módulos dedicados à promoção dos valores socioculturais associados às espécies florestais e faunísticas, reforçando a importância da preservação do património natural e das tradições locais. Os intervenientes consideram esta componente crucial, uma vez que as comunidades têm um papel central na conservação e protecção dos ecossistemas da região.
Foram 25 questões abordadas como importantes durante a formação, a exemplo do combate à raiva, doença que afecta tanto os animais selvagens quanto os domésticos e que representa uma ameaça à saúde pública. A utilização de veneno e a prática de artes de pesca proibidas também mereceram a atenção dos participantes, uma vez utilizadas como grandes desafios à sustentabilidade dos recursos naturais.

No entanto, a Reserva Especial do Niassa, uma das maiores áreas de conservação de Moçambique, enfrenta constantes problemas no que diz respeito à protecção da biodiversidade e à minimização dos conflitos entre as populações locais e a fauna bravia.
Para Terêncio Temele, a capacitação destes actores locais é um passo importante na implementação de soluções duradouras que permitam a convivência harmoniosa entre as comunidades e o ambiente natural.
Espera-se que os líderes comunitários e guardiões dos recursos naturais desempenhem um papel activo na monitorização e resolução de conflitos, contribuindo para a protecção da fauna bravia e promoção de práticas sustentáveis de gestão. Segundo Temele, só assim será possível preservar não apenas o ecossistema da REN, mas também a qualidade de vida das populações que dele dependem.