O Governo considerou esta sexta-feira, 4 de Outubro, positivo o trabalho da empresa sul-africana que liderou a restruturação das Linhas Aéreas de Moçambique (LAM), destacando o reinício dos voos entre Maputo e Lisboa como uma prova do trabalho da Fly Modern Ark.
“Quando a Fly Modern Ark (FMA) chegou, a empresa era insolvente e, em menos de um mês, eles demonstraram que a empresa era solvente, poupando milhões de dólares. A segunda coisa que fizeram foi introduzir um voo que não existia há mais de dez anos. O povo agora tem outras opções e a LAM está a mostrar-se competitiva”, respondeu à Lusa, Mateus Magala, ministro dos Transportes e Comunicação, à margem das cerimónias oficiais do Dia da Paz em Moçambique.
O contrato entre a FMA e a LAM terminou em 12 de Setembro e vigorava desde Abril de 2023, quando a empresa sul-africana foi chamada para implementar uma estratégia de revitalização, após anos de problemas operacionais relacionados com uma frota reduzida e falta de investimentos, com registo de alguns incidentes, não fatais, associados por especialistas à ineficiente manutenção das aeronaves.
Para o governante, a restruturação pela FMA foi uma fase e, agora, com a entrada, em Julho, de um novo presidente da companhia, Américo Muchanga, espera-se um novo capítulo para LAM, embora admita que há desafios que precisam de tempo para serem ultrapassados.
“Eu disse, no início, que a reforma bem disciplinada da LAM, para dar uma volta efectiva, levaria entre um e dois anos. Precisamos de continuar com a crença de que a nova administração vai tornar a empresa notável”, frisou Mateus Magala.
Quando a FMA assumiu a gestão da companhia aérea estatal, reconheceu que a LAM tinha uma dívida estimada em cerca de 18,9 mil milhões de meticais (300 milhões de dólares).
Durante o período de gestão da FMA, a empresa sul-africana também denunciou esquemas de desvio de dinheiro na LAM, com prejuízos de quase 208,5 milhões de meticais, em lojas de venda de bilhetes, através de máquinas dos terminais de pagamento automático (TPA/POS) que não são da companhia.
O Gabinete Central de Combate à Corrupção (GCCC) de Moçambique instaurou um processo para investigar alegados esquemas de corrupção na venda de bilhetes da transportadora aérea moçambicana e sobre a gestão da frota da companhia, tendo apreendido diversos materiais.
“Estamos a acompanhar (as investigações) e é um trabalho muito complexo. Mas acreditamos que a PGR vai contribuir para desvendar este mistério”, acrescentou a fonte.
A LAM opera 12 destinos no mercado doméstico, a nível regional voa regularmente para Joanesburgo, Dar Es Salaam, Harare, Lusaca e Cidade do Cabo, e Lisboa é o único destino intercontinental.