Way é uma palavra em inglês que significa “caminho” para chegar a algum lado. Pronuncia-se “wei”, nome dado à plataforma criada por moçambicanos para facilitar o sonho de entrar no ensino secundário, superior ou numa escola de condução.
Três jovens moçambicanos, de diferentes áreas académicas, decidiram criar uma ‘app’ que prepara os utilizadores para diferentes tipos de exames. Adaíma Mustafa (criador de produto), Henrique Chigumane (designer gráfico) e Ivan Bila (programador) desenvolveram a plataforma Wei, uma ferramenta que, além de preparar estudantes para exames de admissão, proporciona um espaço de simulação, com direito a um guia de correcção e a uma oportunidade de auto-avaliação.
Segundo os criadores da Wei, a ideia surgiu como uma aplicação para ajudar os estudantes a prepararem-se para os exames de admissão ao ensino superior, mas deu origem a uma empresa de software que responde a outras necessidades de formação. Por exemplo, passou a integrar exames do ensino secundário e de escolas de condução.
“No início, a Wei era apenas uma página web com perguntas de exames e respostas, mas tivemos a ideia de a transformar em algo maior, mais interactivo e diferente de outras plataformas sobre exames de admissão”, contou Adaíma à E&M. Assim, “a primeira coisa em que pensámos foi a simulação: tal como o nome indica, dá ao estudante a possibilidade de resolver um teste dentro da plataforma, como se estivesse numa sala de exames, com tempo cronometrado e com acesso ao resultado final, calculado com base nas fórmulas usadas nas universidades”.
Seguiram-se outras funcionalidades, como a possibilidade de acesso às correcções e aos planos de estudo, nos quais o utilizador pode aceder a vários conteúdos divididos em tópicos, facilitando a assimilação da matéria e a auto-avaliação.
Inteligência Artificial na Wei
Uma das inovações da Wei é a aposta em novas tecnologias. A empresa tem explorado recursos de Inteligência Artificial (IA) tanto nos bastidores, como na assistência aos utilizadores. “Para digitalizar os exames, tivemos muitas dificuldades.
Era necessário pegar num exame em papel, transcrevê-lo num processador de texto e só depois podíamos colocá-lo na app. Mas com a IA, passámos a usar uma ferramenta em que basta tirar uma foto ao exame. A aplicação ‘percebe’ o texto e envia-nos o ficheiro já digitalizado”, explicou Henrique Chigumane.
A Wei já conseguiu disponibilizar 250 exames na app em menos de uma semana. Relativamente aos exames para a obtenção de cartas de condução, a IA ajuda a interpretar os sinais de trânsito e a explicar as suas funções.
Acessibilidade universal
O grupo acredita que a plataforma pode ser extremamente útil para os estudantes que estão em zonas onde é difícil ter acesso a um centro de estudos ou à preparação para exames e, por isso, pretende trabalhar na expansão dos serviços. “Queremos expandir esta estratégia para que os estudantes de várias regiões do País tenham conhecimento da existência da app e possam assim ter uma ferramenta de auxílio aos seus estudos. Estamos também a planear transformar a Wei numa plataforma para cursos de curta duração”, revelou Ivan Bila.
A Wei está disponível na Play Store e também no formato web através do endereço https://exames.wei.co.mz/. A app é gratuita, mas conta com algumas funcionalidades pagas. Actualmente, o acesso aos exames para a preparação custa, para o ensino médio, 100 meticais por duas semanas, e 172 meticais para o ensino superior, pelo mesmo período.
Recente, mas já mereceu distinção
Criada no final de 2022, este ano a Wei decidiu participar num concurso organizado pelo Instituto Nacional de Comunicações (INCM), que envolveu um total de 30 startups, onde sete (incluindo a Wei) foram seleccionadas para fazer uma apresentação de três minutos nos escritórios do INCM. Posteriormente, foram convidadas para uma conferência da instituição.
A Wei sagrou-se vencedora, conquistando um prémio monetário de 50 mil meticais. “Ficar em primeiro lugar num universo de 30 startups é algo muito significativo porque, pela primeira vez, decidimos sair um pouco da nossa zona de conforto e descobrimos que estamos a fazer algo que é realmente impactante”, declarou Adaíma Mustafa.
Texto: Ana Mangana • Fotografia: D.R.