A petrolífera francesa TotalEnergies, que lidera o bloco da Área 1, localizado em águas profundas na bacia do Rovuma, uma das maiores descobertas de gás no offshore da África Oriental, avançou que está assegurado 80% do pacote de financiamento, ou seja, um total de 14 mil milhões de dólares, para sustentar o reinício das actividades de exploração e produção de gás natural liquefeito (GNL).
O projecto estimado em 20 mil milhões de dólares está sediado no distrito de Palma, província de Cabo Delgado, norte de Moçambique, e enfrentou atrasos devido a preocupações com distúrbios violentos na região, provocados por grupos terroristas desde 2017.
Citado pela Reuters, o CEO da empresa, Patrick Pouyanné, assegurou que houve progressos na segurança, garantindo que os financiadores confirmaram a sua disponibilidade para avançar com o projecto.
“Perto de 80% do pacote de financiamento de 14 mil milhões de dólares que sustenta o projecto foi confirmado pelos financiadores. Estamos à espera de luz verde de três agências de crédito, algumas estão em países ocidentais onde as regras sobre o gás mudaram. Por isso, assim que tudo estiver em vigor, avançaremos”, clarificou.
Intervindo numa conferência de imprensa, o responsável anunciou que em breve irá reunir-se com o novo Presidente de Moçambique, eleito nas próximas eleições gerais que terão lugar a 9 de Outubro, para debater alguns detalhes do projecto de GNL.
“O projecto continua lucrativo, continuamos comprometidos”, disse Pouyanné numa comunicação aos investidores, após a TotalEnergies e a APA Corp dos EUA anunciarem uma decisão positiva de investimento para o projecto de petróleo e gás mais promissor do Suriname.
Na altura, a instituição financeira recordou que, “tendo em vista a melhoria da segurança no Norte, a petrolífera francesa realizou, em Maio de 2023, uma avaliação da situação dos direitos humanos e desenvolveu um plano de acção que estabelece uma base para o desenvolvimento socioeconómico local”.
O Fundo sustentou que, apesar de a empresa ainda não ter anunciado a retoma oficial da fase de desenvolvimento, a mesma estava prevista para breve, assim que o financiamento do projecto estivesse assegurado.
Moçambique tem três projectos de desenvolvimento aprovados para exploração das reservas de gás natural da bacia do Rovuma, classificadas entre as maiores do mundo, sendo que estão localizadas ao largo da costa da província de Cabo Delgado.
Dois desses projectos têm maior dimensão e prevêem canalizar o gás do fundo do mar para terra, arrefecendo-o numa fábrica para depois o exportar por via marítima em estado líquido.
Um é liderado pela TotalEnergies (consórcio da Área 1) e as obras avançaram até à suspensão por tempo indeterminado, após o ataque armado a Palma, em Março de 2021, altura em que a energética francesa declarou que só retomaria os trabalhos quando a zona fosse segura. O outro é o investimento ainda sem anúncio à vista liderado pela ExxonMobil e Eni (consórcio da Área 4).