A África do Sul está a ficar sem linhas eléctricas para transmitir a electricidade de novos projectos e precisa de um plano actualizado para continuar a realizar os leilões que são responsáveis pela obtenção de mais abastecimento a partir de novas instalações de energia limpa em grande escala.
A nação necessitada de energia teve de pôr de lado projectos de produção de energia eólica – uma tecnologia que fornece mais de 5% da electricidade do país – devido à falta de ligações à rede nas duas últimas sessões de apresentação de propostas do programa de leilões do Estado, informou Bernard Magoro, chefe do Gabinete de Produtores Independentes de Energia.
À medida que o país constrói novas centrais eléctricas para pôr fim a anos de cortes de electricidade que prejudicaram a economia também precisa de construir e financiar uma expansão da rede nacional no valor de 390 mil milhões de rands (22,4 mil milhões de dólares) durante a próxima década, de modo que possa ligar essas instalações a fábricas, empresas e casas.
“As ligações à rede estão a tornar-se mais escassas”, declarou Bernard Magoro numa conferência na Cidade do Cabo.
A empresa pública de energia Eskom, que fornece mais de 80% da electricidade do país, está a retirar mais de 9 mil Megawatts (MW) de unidades alimentadas a carvão até 2030, e os 53 mil MW de instalações de energia limpa que serão abertas na próxima década exigirão novas linhas. Companhias como a Enel Green Power (empresa de produção de energia eléctrica) estão de fora da sétima ronda do programa sul-africano de financiamento de novos projectos energéticos até que a estatal sul-africana resolva os seus problemas de capacidade da rede.
“Trazer o sector privado vai ser importante”, afirmou aos jornalistas Priscillah Mabelane, presidente da National Transmission Company South Africa (NTCSA), subsidiária integral da Eskom. O Governo separou a NTCSA, que começou a operar em Julho, da Eskom, sendo a nova entidade proprietária e operadora do sistema de transmissão do país.
“Reconhecemos que temos desafios devido à falta de investimento” na rede, sublinhou a representante.
Entretanto, os frequentes cortes de energia, a corrupção desenfreada, a legislação errática e as relações hostis entre as empresas e o Estado desencorajaram o investimento no país mais industrializado de África, cujo crescimento económico foi, em média, inferior a 1% na última década, ultrapassado pelo desenvolvimento demográfico.
As reformas estabilizaram recentemente o abastecimento da Eskom, que evitou cortes de energia durante seis meses, mas a África do Sul precisa de uma estratégia a longo prazo e de processos simplificados para os leilões de energia limpa “para manter o programa relevante”, destacou Bernard Magoro.
Fonte: MoneyWeb