A Agência Italiana de Cooperação para o Desenvolvimento (AICS) vai ajudar a desembolsar 38 milhões de euros (2,7 mil milhões de meticias) para “acabar com o paradoxo de um país africano fértil que precisa de comprar de volta os seus produtos agrícolas dos seus vizinhos mais industrializados, que muitas vezes apenas os embalam”. A iniciativa enquadra-se no projecto-piloto do Plano Mattei para Moçambique.
Segundo uma nota da Associação Académica de Nutrição e Segurança Alimentar (ANSA), o projecto prevê a construção de um centro agro-alimentar que irá valorizar as excelências locais e a exportação de produtos, a ser edificado em Chimoio, na província de Manica, no chamado corredor da Beira, uma área crucial para as iniciativas de cooperação italiana no sector agrícola.
Paolo Enrico Sertoli, chefe do escritório da AICS em Maputo, destacou que a localização no corredor da Beira “é de grande interesse para a importação e exportação”, tendo igualmente explicado que isso se deve também a outras iniciativas regionais, como projectos com o vizinho Zimbabué.
A ambição da iniciativa é criar um centro agro-alimentar que também se tornará um incubador, ligando projectos italianos de transferência de tecnologia e centralizando todas as fases pós-colheita de uma série de produtos agrícolas.
Embora cerca de 75% da população viva da agricultura, Moçambique paradoxalmente importa produtos agrícolas, que são vendidos ao estrangeiro e depois reimportados, muitas vezes apenas embalados. O projecto objectiva, portanto, criar uma cadeia de processamento, embalagem, armazenamento e distribuição, uma vez que a cadeia de frio em Moçambique é deficiente, os produtos agrícolas são consumidos localmente, gerando pouco valor acrescentado.
De acordo com Sertoli, “está actualmente em curso um primeiro estudo técnico para apresentar opções para a localização do centro, elaborar o plano de negócios, analisar as cadeias produtivas e esboçar uma ‘configuração’ preliminar da infra-estrutura”.
Até agora, não há previsões oficiais para a concrectização da iniciativa, embora, segundo apurado pela ANSA, se estime que possa demorar entre 12 e 18 meses a contar a partir do início das obras, sob a responsabilidade directa da ‘Estação Contratante’, que, na prática, é o Ministério da Agricultura e Desenvolvimento Rural. A implementação do projecto ocorre num contexto eleitoral, com as eleições gerais agendadas para 9 de Outubro.