O economista-chefe da consultora Eaglestone, Tiago Dionísio, considerou esta terça-feira, 1 de Outubro, que o sector petrolífero em Angola vai continuar a ser dominante na próxima década, apesar de haver uma redução gradual da sua importância para a economia.
“Olhando para trás, em 2010, o peso do sector petrolífero no PIB (Produto Interno Bruto) de Angola era de 43%, e nos finais do ano passado tinha descido para 25,5%. Logo, existe uma redução da importância do petróleo”, sendo previsível que nos próximos anos continue a haver uma redução gradual, disse à Lusa Tiago Dionísio.
Mas o petróleo “continuará a ser, de longe, o sector mais importante em termos do PIB para o país”, reiterou o responsável.
Em entrevista na semana da conferência Oil & Gas Angola, em Luanda, o economista salientou que “o petróleo representa quase 95% das exportações e em termos de receitas públicas vale mais de metade”, sendo por isso essencial para equilibrar as contas públicas de Angola, o segundo maior produtor de petróleo da África Subsaariana.
Questionado sobre a eficácia das tentativas de diversificação da economia angolana, principalmente visíveis nos últimos anos, Tiago Dionísio reconheceu que está a ser feito um esforço, mas salientou que a duração deste projecto se mede em anos e não em meses.
“As autoridades implementaram uma série de reformas e estão a envolver o sector privado, mas o processo é gradual e vai demorar algum tempo”, salientou o economista.
Ainda assim, referiu, “não vai ser uma mudança radical, Angola continua a ter um objectivo de produzir pelo menos um milhão de barris de petróleo por dia, portanto isso indica bem que apesar de alguns problemas de manutenção, em que se abandonou a ideia de chegar aos dois milhões por dia, o país continuará a tentar produzir pelo menos um milhão de barris de petróleo diários”, afirmou.
No final de 2023, Angola saiu da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP), argumentando que a imposição de uma quota limitava a capacidade do país aumentar a sua produção, mas a verdade é que o país não conseguiu, durante este ano, ultrapassar a limitação que seria imposta caso permanecesse na OPEP.
“Não foi uma decisão muito relevante nem com muito impacto”, considera Tiago Dionísio, lembrando que a produção em todo o ano de 2024 andou sempre muito perto de um milhão de barris de petróleo por dia, em linha ou abaixo da limitação que teria sido imposta pela OPEP e parceiros.
A Conferência Angola Oil & Gas inicia esta quarta-feira, 2 de Outubro, no Centro de Convenções Talatona e assume-se como “o principal evento de Angola para o sector petrolífero e de gás, tendo o apoio do Ministério dos Recursos Naturais, Petróleo e Gás angolano, da Sonangol, da Câmara Africana de Energia e dos Instituto Regulador dos Derivados de Petróleo.
Com o tema ‘Impulsionar a Exploração e o Desenvolvimento Rumo ao Aumento da Produção em Angola’, a conferência reúne toda a cadeia de valor do sector para debater o caminho a seguir para a indústria, lê-se no site da conferência, que lembra que no ano passado foram recebidos mais de 2200 delegados de 41 países e assinados sete acordos.