O Banco de Moçambique (BdM), através do seu Comité de Política Monetária (CPMO), anunciou a redução da taxa de juro de política monetária, conhecida como taxa MIMO, de 14,25% para 13,50%. Esta decisão, tomada na reunião desta segunda-feira (30), foi impulsionada pela contínua queda da inflação, que se mantém em níveis de um dígito no médio prazo.
De acordo com um comunicado oficial do BdM, a inflação anual fixou-se em 2,8% no mês de Agosto de 2024, uma redução face aos 3,0% registados em Julho. Esta trajectória descendente também se verifica na inflação subjacente, que exclui frutas, vegetais e produtos com preços administrados. O comunicado salienta que “a estabilidade do metical e o impacto das medidas tomadas pelo CPMO” têm sido factores determinantes para manter as perspectivas inflacionárias controladas.
Apesar do cenário favorável em termos de inflação, o BdM projecta um crescimento económico moderado para os próximos meses. No segundo trimestre de 2024, o Produto Interno Bruto (PIB), excluindo o gás natural liquefeito (GNL), cresceu 3,6%, um aumento comparado aos 2,3% registados no trimestre anterior. Contudo, quando incluído o GNL, o crescimento foi de 4,5%. Para o restante do ano, prevê-se que o crescimento económico continue de forma modesta, condicionado pelas incertezas ligadas aos choques climáticos, que podem afectar a produção agrícola e infra-estruturas.
Outro ponto de destaque no comunicado é o aumento significativo da inclusão financeira no País. Entre Dezembro de 2022 e Junho de 2024, a percentagem de população adulta com acesso a serviços financeiros digitais passou de 68,5% para 94,5%. Este crescimento foi facilitado, em parte, pela interoperabilidade entre as principais plataformas de dinheiro electrónico (mKesh, M-Pesa e e-Mola) e o sistema bancário, através da rede SIMO rede.
As reservas internacionais também continuam a crescer, situando-se em níveis considerados “confortáveis”, suficientes para cobrir mais de cinco meses de importações de bens e serviços, o que, segundo o Banco de Moçambique, fortalece a estabilidade macroeconómica do País.
Em consonância com a redução da taxa MIMO, o banco central observou uma queda nas taxas de juro do mercado monetário e na taxa de referência para o crédito (‘prime rate’), tendência que se alinha com as recentes decisões de política monetária. O comunicado refere ainda que se verificou um ligeiro aumento no crédito concedido à economia.
Por outro lado, o endividamento público interno continua a representar uma preocupação. Segundo o BdM, o endividamento interno, excluindo contratos de mútuo, locações e responsabilidades em mora, aumentou para 402,7 mil milhões de meticais, um incremento de 90,3 mil milhões de meticais desde Dezembro de 2023.
O CPMO reafirmou o seu compromisso de continuar a monitorizar a situação económica do País, ajustando a taxa MIMO consoante a evolução das perspectivas inflacionárias e dos riscos associados. A próxima reunião ordinária do Comité está marcada para 27 de Novembro de 2024.
Texto: Felisberto Ruco