A empresa estatal vê a entrada de empresas moçambicanas no ramo do petróleo e gás como uma oportunidade de negócio no sector, além de acenar com a bandeira do “conteúdo local”.
A empresa estatal Portos e Caminhos-de-Ferro de Moçambique (CFM) deu início em Julho às operações da CFM Logistics. Como o nome indica, trata-se do ramo da empresa pública dedicada à logística, mais concretamente a serviços marítimos de apoio ao sector do petróleo e gás.
A CFM Logistics pretende prestar serviços em todas as actividades das petrolíferas, desde a fase inicial de prospecção até às fases seguintes, em que os furos de pesquisa dão bons resultados e se avança para a exploração – seja em terra, seja no mar. No caso, Moçambique tem assistido a operações de prospecção ao longo da costa centro e norte do País, após seis concursos de atribuição de blocos. A bacia do Rovuma, dividida entre águas territoriais da Tanzânia e de Moçambique, tem das maiores reservas de gás natural do mundo. Ali, o País tem três projectos de exploração aprovados, mas apenas um está a facturar com a exportação de gás natural liquefeito (GNL), a plataforma flutuante Coral Sul, dirigida pela petrolífera ENI. Quanto aos outros, o projecto da TotalEnergies está a avançar, com vários técnicos e equipas no terreno, mas a informação é escassa, depois dos ataques armados de Março de 2021. O terceiro projecto, liderado pela ExxonMobil, continua à espera de uma decisão de investimento.
O novo braço da empresa pública começou a trabalhar no Porto de Nacala, com a aquisição de dois rebocadores e dois barcos-piloto, tradicionalmente usados para auxiliar a chegada de cargueiros e outros navios de grandes dimensões aos cais ou outros locais marcados em mapas.
“É um gigantesco desafio e uma extraordinária oportunidade”, referiu Agostinho Langa Júnior, presidente do conselho de administração dos CFM. “Estamos a implementar um mandato do Governo na implementação dos projectos de petróleo e gás, mas sobretudo a contribuir para o desenvolvimento de Moçambique”, referiu.
A ambição da CFM Logistics
Segundo o PCA dos CFM, a ideia é “envolver toda a cadeia de produção, logística e venda de recursos energéticos”, tendo em conta o potencial do Rovuma, mas também a produção na zona sul, na região de Pande e Temane. A empresa pretende aplicar o seu know how no manuseamento portuário, após uma avaliação com parceiros, clientes e outros intervenientes no sector.
Com quase 130 anos de actividade, os CFM vêem também nesta área uma oportunidade de “construir novas infra-estruturas ou reabilitar e ampliar as já existentes” para atender à procura da indústria de petróleo e gás. “A CFM Logistics é a resposta à altura dos desafios que são continuamente apresentados pelas concessionárias, contratadas, subcontratadas e demais parceiros”, disse. Ao mesmo tempo, a empresa poderá garantir “a implementação da estratégia de promoção do conteúdo local” junto do sector do petróleo e gás, tanto em termos de emprego como de associação com privados nacionais.
Texto: Redacção • Fotografia: D.R.