Dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), tornados públicos no início do mês de Setembro, indicam que a produção de energia eléctrica registou um crescimento contínuo nos últimos cinco anos, passando de 18 759 Gigawatts-hora (GWh) em 2019 para 19 753 GWh em 2023. O aumento de 5,3% foi impulsionado pela geração a partir de fontes renováveis, com as centrais hídricas a contribuírem com 82,7% do total de electricidade gerada em 2023.
Segundo o relatório “Indicadores Básicos de Energia, Gás e Petróleo 2023”, elaborado pelo INE, as energias renováveis constituem cerca de 83% da matriz eléctrica moçambicana. No entanto, o estudo revela que o País enfrenta desafios importantes. “A dependência de fontes hídricas, embora benéfica para o meio ambiente, expõe o sistema energético às consequências da variabilidade climática, como secas prolongadas, que podem comprometer a geração de electricidade. Esta vulnerabilidade obrigou o País a aumentar a utilização de fontes térmicas, como o gasóleo, cuja produção subiu de 126 GWh em 2022 para 158,9 GWh em 2023, representando um aumento de 26%”, lê-se no documento.
O estudo aponta que a importação e exportação de energia, no período de 2019 a 2023, teve como principal origem, assim como destino, a República da África do Sul, com uma participação de cerca de 100% do total da energia eléctrica importada e 78,4% da exportada. A importação mostra uma tendência de redução de 9,3 milhões de MWh (2019) para 7,9 milhões em 2023, enquanto a exportação regista um ligeiro crescimento (4,8%) de 11 milhões de MWh (2019) para 11,5 milhões de MWh (2023).
“O número de consumidores por região e área de distribuição de energia eléctrica cresceu 56,3% no período de 2019 (dois milhões de consumidores) a 2023 (3,2 milhões de consumidores). Em 2023, os consumidores da região Sul representaram 40,2%, os da região Centro 31%, os do Norte 28,8% e as áreas de distribuição da Província de Maputo (ADPM) e da Cidade de Maputo (ADCM) participaram com 15,4% e 12,2%, respectivamente, do total de consumidores. Ao analisarmos por categoria, para o ano de 2023, os consumidores de baixa tensão representaram 99,8% do total, sendo 92,2% os de tarifa doméstica, comportamento verificado ao longo do quinquénio em referência”, explica o relatório.
Quanto à energia eléctrica facturada por região e área de distribuição, o estudo explica que, no período em análise, se verificou um aumento de 3,5 milhões de MWh para 4,1 milhões. “A região Norte registou um crescimento de 557 933 MWh (2019) para 684 782 MWh (2023), a região Centro teve um aumento de 830 118 MWh (2019) para 1,05 milhão de MWh (2023) e a região Sul subiu de 2,1 milhões de MWh (2019) para 2,3 milhões de MWh (2023)”.
“A energia facturada por categoria cresceu 19,9% no período de 2020 (2,06 milhões de MWh) a 2023 (2,5 milhões de MWh). A energia de baixa tensão em 2023 teve a maior participação no total de energia facturada (63%), onde se destaca a de tarifa doméstica com 44,9%”, revela o estudo.
Texto: Nário Sixpene