O número de mortes resultantes de ataques de animais selvagens em Moçambique atingiu as 159 em 2023, quase triplicando face ao ano anterior, de acordo com o relatório de Indicadores Básicos do Ambiente, divulgado pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), tal como informou a Lusa.
Segundo o documento, o número de vítimas mortais por conflitos entre humanos e fauna bravia aumentou drasticamente face a 2022, quando se registaram 58 óbitos. Em 2021, tinham sido contabilizadas 56 mortes, enquanto 2019 e 2020 registaram 42 e 97 vítimas, respectivamente.
A província de Tete foi a mais afectada em 2023, com 70 mortos, seguida da da Zambézia, com 31 vítimas. Ainda de acordo com o INE, as províncias de Sofala e Nampula foram as únicas do País que não registaram óbitos no ano passado devido a este tipo de incidentes.
Desde 2019, Tete contabiliza um total de 137 mortes provocadas por ataques de animais selvagens, sendo a região com o maior número de vítimas ao longo deste período, conforme os dados históricos do relatório.
O documento destaca ainda a destruição de 1490 hectares de culturas agrícolas em 2023, consequência directa da acção de animais selvagens, sendo a província de Gaza a mais afectada, com 68,3% da área destruída, seguida por Tete com 16,3%.
Além das mortes, o número de feridos também aumentou significativamente. Em 2023, 114 pessoas ficaram feridas em ataques de fauna bravia, um aumento em comparação com os 70 feridos em 2022 e os 51 em 2021.
O relatório recorda que Moçambique tinha, em 2018, uma estimativa de 9114 elefantes e 64 800 búfalos, entre outras espécies de grande porte que habitam áreas protegidas e zonas adjacentes, onde frequentemente ocorrem estes conflitos. Em 2023, 205 375 pessoas viviam no interior dessas áreas protegidas, distribuídas por 162 comunidades. Somavam-se ainda 501 737 pessoas em 504 comunidades situadas nas zonas tampão, de acordo com dados do INE.
Segundo a Administração Nacional das Áreas de Conservação (ANAC), entre 2019-23, foram destruídos 955 hectares de culturas agrícolas, como o milho e a mandioca, devido a ataques de fauna bravia em várias regiões do País.