A exportação de madeira no País registou uma queda de 75% nos últimos quatro anos, totalizando 2 milhões de toneladas em 2023, de acordo com um relatório do Instituto Nacional de Estatística (INE), segundo informou a Lusa.
O documento, intitulado Indicadores Básicos do Ambiente de 2023, revela que entre 2020-23 as quotas de volume de madeira admissível para abate por espécie diminuíram progressivamente. Em 2023, a redução foi de 12,7% face ao ano anterior, com o volume de madeira disponível para corte a atingir 49 525 metros cúbicos, dos quais 5369 metros cúbicos de espécies consideradas “preciosas”, como chacate-preto ou pau-preto.
O INE sublinha que esta redução das quotas de abate tem tido um impacto directo nas exportações de madeira. Em 2019, o volume exportado atingiu um pico de 7923 milhões de toneladas, mas desde então o País tem registado quedas consecutivas: 3132 milhões de toneladas em 2020, 2276 milhões de toneladas em 2021, e 2649 milhões de toneladas em 2022.
O relatório destaca também que a quantidade de madeira processada em toros, ou seja, sem transformação industrial, recuou em 2023 para o valor mais baixo desde 2020, totalizando 50 027 metros cúbicos.
Os dados do Indicadores Básicos do Ambiente de 2023 baseiam-se na recolha e tratamento de dados administrativos fornecidos pelos sectores que lidam directa ou indirectamente com questões ambientais, segundo explica o INE.
Além da queda nas exportações, Moçambique perde anualmente cerca de 267 mil hectares de floresta, de acordo com informações avançadas pelo director nacional de Florestas, Cláudio Afonso. “Temos registado algumas preocupações porque anualmente perdem-se cerca de 267 mil hectares de florestas”, afirmou o responsável durante a primeira reunião do Comité Técnico para a Operacionalização da Declaração de Maputo sobre a gestão sustentável e integrada da Floresta de Miombo, realizada em Julho.
Para mitigar os efeitos da perda florestal, o fundo global anunciou, em Julho de 2023, a disponibilização de 764,2 milhões de meticais para revitalizar as reservas florestais de Moçambique, apoiar o restauro ecológico e implementar sistemas de monitorização florestal. Adicionalmente, a Agência de Cooperação Italiana comprometeu-se a investir mais 318,4 milhões de meticais para apoiar a gestão sustentável das florestas moçambicanas.