Zâmbia e Angola assinaram em Nova Iorque, com a Corporação Financeira Africana (AFC), o acordo de concessão para a concretização do projecto de ligação ferroviária entre ambos os países, designado Corredor do Lobito, informou a Lusa nesta quarta-feira, 25 de Setembro.
“Angola tem o prazer de estabelecer uma parceria com a AFC neste projecto transformador, que vai aprofundar o papel do país enquanto centro logístico regional e impulsionar o comércio não só com a Zâmbia, mas com o resto do mundo”, afirmou o ministro dos Transportes de Angola, Ricardo Viegas de Abreu, no final da cerimónia, que contou também com a presença do seu homólogo da Zâmbia, Frank Tayali.
Os acordos de concessão para o financiamento, construção, propriedade e operação do empreendimento ferroviário contemplam “a construção de uma linha ferroviária inteiramente nova, de aproximadamente 800 km, para ligar os caminhos-de-ferro de Benguela, em Luacano, Angola, à já existente linha ferroviária da Zâmbia, em Chingola”.
Segundo um comunicado do Ministério dos Transportes de Angola enviado à Lusa, no seguimento da assinatura dos acordos foi também assinado um outro acordo que prevê a possibilidade de a AFC receber um financiamento de dois milhões de dólares da Agência de Comércio e Desenvolvimento dos Estados Unidos da América (USTDA), para concluir os estudos ambientais e sociais do projecto.
“Este financiamento é o primeiro com o qual a AFC aproveitará o financiamento da USTDA, e facilitará avaliações de impacto ambiental e social (ESIA) abrangentes para garantir que o Projecto Ferroviário de Angola esteja alinhado com as melhores práticas e padrões ambientais internacionais”, refere a nota.
A ligação entre Angola e Zâmbia é vista como uma das mais importantes em termos de comércio na África Austral, uma vez que cria um corredor comercial “para facilitar a circulação eficiente de mercadorias e promove o investimento na agricultura, electricidade, minas, saúde e infra-estruturas digitais”, sendo o caminho mais curto “para exportações e importações, ligando as principais regiões mineiras, centros agrícolas e empresas da Zâmbia e da República Democrática do Congo ao porto do Lobito”, o que a torna uma “rota estratégica” para as exportações destes dois países.
O mesmo comunicado refere ainda que a linha ferroviária deverá criar “benefícios económicos de aproximadamente 3 mil milhões de dólares para ambos os países, reduzir as emissões atmosféricas em cerca de 300 mil toneladas por ano e criar mais de 1250 postos de trabalho durante a sua construção e operação”.
A AFC é o principal promotor do Corredor do Lobito, em colaboração com o Governo dos EUA, a União Europeia, o Banco Africano de Desenvolvimento e os governos de Angola, da República Democrática do Congo e da Zâmbia.
“Angola tem muito a ganhar em termos de oportunidades de investimento e de reputação se em cada um dos seus projectos estruturantes seguir e implementar as melhores práticas internacionais no domínio da protecção ambiental”, salientou o ministro dos Transportes angolano, no âmbito da 79.ª sessão da Assembleia Geral da ONU, que decorre em Nova Iorque.