África terá seis “megacidades” até 2035. Trata-se de Cairo (Egipto), Kinshasa (RDCongo), Lagos (Nigéria), Joanesburgo (África do Sul), Luanda (Angola) e Dar-es-Salaam (Tanzânia), todas com uma população acima de 10 milhões de habitantes. A capital de Angola, segundo os analistas, terá um crescimento económico de 6% até 2035.
A The Economist Intelligence Unit (EIU), no relatório African Cities 2035, prevê que as 100 principais cidades de África alberguem cerca de 21% da população do continente e gerem mais de 60% do Produto Interno Bruto (PIB) de África até 2035. A taxa de urbanização do continente será a mais rápida do mundo. A população urbana que hoje é de 650 milhões atingirá os mil milhões de habitantes até 2035, o que significa que metade dos africanos viverá nas cidades.
O estudo da EIU prevê que haverá seis megacidades até 2035. Luanda (Angola) e Dar-es-Salaam (Tanzânia), irão juntar-se ao Cairo (Egito), Kinshasa (RDCongo), Lagos (Nigéria) e Joanesburgo (África do Sul), todas com uma população acima de 10 milhões de habitantes. Além destas, haverá ainda 17 cidades com mais 5 milhões de habitantes e mais de 100 com uma população superior a um milhão de habitantes.
Outra tendência identificada pelos analistas é a emergência dos aglomerados urbanísticos (clusters) que reúnem milhões de habitantes em áreas bem conectadas e de crescimento rápido. É o caso, na parte da África Ocidental do continente, do corredor que se estende ao longo da costa desde a capital da Costa do Marfim, Abidjan, até à maior cidade da Nigéria, Lagos. Ou, a norte, do corredor que une Cairo e Alexandria, ao longo do rio Nilo e de clusters centrados em Casablanca, Marrocos, e na costa argelina. Na África Oriental, destacam-se a região dos Grandes Lagos (que inclui as cidades de Kampala e de Nairóbi) e Joanesburgo.
Riqueza das 100 maiores cidades mais do que triplicará até 2035
Paralelamente, haverá também “grandes bolsas de expansão urbana isoladas”, tais como Kinshasa, na RDC, que terá mais de 25 milhões de habitantes e poderá formar um cluster ainda maior se melhorar a conectividade e o comércio com Brazzaville, na margem oposta do rio Congo. Neste grupo estarão também a maior cidade da Tanzânia, Dar es Salaam e as capitais da Etiópia (Adis Abeba) e de Angola (Luanda), cuja riqueza, segundo as previsões da EIU, crescerá a uma taxa anual composta (CARG) de 6%, até 2035.
Tudo somado, as 100 maiores economias urbanas de África (que incluem capitais mais pequenas como Libreville, Cotonou, Bissau, Djibouti, Windhoek, Gaborone e Port Louis) albergarão quase 400 milhões de pessoas (21% da população). O PIB nominal agregado, que hoje é de 1,4 biliões de dólares, poderá mais do que triplicar para 5 biliões, em 2035.
Os analistas da EIU consideram que esta urbanização acelerada também acarreta riscos tais como a sobrepopulação, os aglomerados informais, o elevado desemprego, os serviços públicos deficientes, os serviços de utilidade pública sobrecarregados e a exposição às alterações climáticas. “Muitas cidades estão situadas em zonas costeiras baixas que as expõem à subida do nível do mar e a tempestades; outras sofrem de chuvas intensas e inundações, assim como períodos prolongados de seca e de escassez de água”, alertam.
Texto: Jaime Fidalgo