A aeronave multifuncional Mwari, utilizada pelo exército de Moçambique em operações de contra-insurgência no norte do País, foi enviada recentemente para a África do Sul para uma inspeção de rotina. O avião, que acumula 400 horas de voo desde Dezembro de 2022, é o primeiro do tipo adquirido por Moçambique e desempenha um papel crucial no reconhecimento e vigilância das operações militares.
O Mwari foi levado para as instalações de produção da Paramount, no Aeroporto de Wonderboom, onde passará por uma inspeção C. Esse procedimento é uma manutenção periódica que inclui uma revisão completa dos sistemas da aeronave, limpeza, inspeções estruturais e outras actividades essenciais para garantir seu funcionamento ideal.
Além da inspeção, a Paramount também finalizou a formação dos pilotos moçambicanos e continua a treinar novos grupos de tripulantes para operar os Mwari. Até ao momento, Moçambique encomendou três dessas aeronaves, enquanto a República Democrática do Congo (RDC) adquiriu seis unidades, demonstrando a crescente adopção da aeronave na região.
A Paramount vê o Mwari como uma solução promissora para o mercado de vigilância armada. As projecções indicam que o sector aéreo global movimentará 476 mil milhões de dólares nos próximos cinco anos, com o segmento de Inteligência, Vigilância e Reconhecimento (ISR) gerando 32,3 mil milhões de dólares em oportunidades.
O Mwari oferece uma alternativa mais acessível para países que necessitam de capacidades de vigilância e operações de patrulha, mas que não dispõem de recursos para aviões militares de alto custo.
Uma das grandes vantagens do Mwari é sua versatilidade. A aeronave conta com uma Baía de Sistemas de Missão Intercambiáveis (IMSB), que permite a troca rápida de sensores e cargas úteis em menos de duas horas, adaptando-se a diversas missões, como vigilância, patrulha marítima, contra-insurgência e até mesmo missões de treino.
Equipado com um motor turboélice PT6, é capaz de atingir uma velocidade máxima de cruzeiro de 250 nós (450 km/h), tem um alcance de até 550 milhas náuticas (1,8 mil km) e pode permanecer em operação por até cinco a seis horas. A sua capacidade de descolagem e aterragem curtas (STOL) torna-o ideal para operar em pistas improvisadas ou semi-preparadas, ampliando as suas aplicações em ambientes adversos.
Entre os equipamentos já instalados na aeronave estão o cardan electro-óptico Argos II, o sistema de reconhecimento térmico Avni da Thales e o rádio ACR510 da Reutech. Futuras melhorias podem incluir um radar de abertura sintética (SAR), expandindo ainda mais as capacidades da aeronave.
Com a frota de Mwari, Moçambique fortalece as suas capacidades de defesa e monitorização, posicionando-se estrategicamente no combate à insurgência e no reforço da vigilância aérea na região.