A ExxonMobil prevê concluir o design técnico do projecto de extracção de gás natural no norte de Moçambique dentro de um ano, anunciou hoje, em Nova Iorque, o vice-presidente da petrolífera norte-americana, Walter Kansteiner.
“Anunciámos a nossa FEED – Front End Engineering Design, a nossa engenharia de ponta e concepção [do projecto], e isso demora cerca de um ano. Por isso, aguardamos com expectativa os progressos em matéria de FEED nos próximos 12 ou 13 meses”, disse o vice-presidente da ExxonMobil para relações exteriores, em declarações aos jornalistas após reunir-se em Nova Iorque com o Presidente moçambicano, que termina hoje uma visita aos Estados Unidos.
O projecto da Exxon em Cabo Delgado – província a norte afectada há quase sete anos por ataques terroristas – previa, conforme estimativas iniciais, uma produção de 15,2 milhões de toneladas de gás por ano, mas atualmente a companhia antevê uma produção anual de 18 milhões de toneladas.
O chefe de Estado, que recebeu, em Maputo, em 14 de agosto, o presidente da ExxonMobil Upstream, Liam Mallon, explicou na altura que discutiu com o responsável da petrolífera norte-americana “os progressos no âmbito do projecto LNG” na bacia do Rovuma, em Cabo Delgado, norte do país.
“Centrámos as nossas discussões na fase de engenharia inicial do projecto, agora com planos para finalizar as aprovações e tomar a Decisão Final de Investimento até 2026. Apresentando avanços significativos, ficou reiterado que este projecto será uma das iniciativas menos poluentes e com todo o potencial para um futuro promissor no setor de gás natural liquefeito”, explicou Nyusi.
O diretor-geral da ExxonMobil em Moçambique, Arne Gibbs, tinha avançado, em 03 de maio, a possibilidade de a decisão sobre o investimento ser tomada no final de 2025.
As declarações de Gibbs surgiram na mesma semana em que o Presidente de Moçambique disse que o financiamento não é motivo para atrasar a implementação dos megaprojectos de gás natural, liderados pela francesa TotalEnergies e pela norte-americana ExxonMobil.
“É fundamental isso [avançar com os projectos], porque não pode ser problema de decisão financeira, agora, associado à situação terrorista. Esse projecto já existia, já é antigo. Isso significa que havia clareza na sua execução. Não pode encalhar por esta razão, que se procurem outras”, criticou Filipe Nyusi, durante a 10.ª edição da Conferência e Exposição de Mineração e Energia de Moçambique.
Em concreto, apelou aos concessionários da Área 1, liderada pela TotalEnergies, que, perante a “gradual promissora estabilidade” na península de Afungi, distrito de Palma, Cabo Delgado, “acelerem o desenvolvimento da retoma dos projectos em terra”, e que, na Área 4, em terra liderado pela ExxonMobil, “se acelere o processo conducente à Decisão Final de Investimento, com os devidos ajustamentos ao Plano de Desenvolvimento aprovado em 2018”.
Na mesma intervenção na conferência, o chefe de Estado afirmou que a “demora” na concretização deste tipo de projectos “provoca problemas”, porque a “expectativa dos países é enorme” e “as pessoas ficam a pensar que uma parte do seu problema pode estar resolvido”.
Nas declarações anteriores, Arne Gibbs confirmou que a petrolífera deu por concluído o trabalho preliminar de engenharia e design do projecto de 18 milhões de toneladas por ano, na bacia do Rovuma, e que o grupo de engenheiros e designers iria começar o projecto “nos próximos meses”.
Sobre a insurgência que parou as obras em março de 2021, Gibbs comentou: “Houve melhorias significativas na situação de segurança desde que começámos, em 2021, e sabemos que ainda há mais trabalho a ser feito”.
O projecto do Rovuma LNG será “o maior projecto de gás natural liquefeito em África, e pode ser o maior projecto na história africana”, acrescenta Gibbs.
Moçambique tem três projectos de desenvolvimento aprovados para exploração das reservas de gás natural da bacia do Rovuma, classificadas entre as maiores do mundo, ao largo da costa de Cabo Delgado.