O grupo Naspers lidera a lista das 250 maiores empresas do continente. Seguem-se três bancos e uma mineradora. A África do Sul coloca nove empresas entre as dez mais valiosas.
O valor das maiores empresas do continente, de acordo com a classificação publicada anualmente pela revista African Business, voltou a cair este ano. A capitalização total de mercado das 250 maiores empresas cotadas em África foi de 505 mil milhões de dólares, uma queda de 9% face ao ano anterior. A novidade é que a principal responsável por essa queda é precisamente a maior empresa, a Naspers, cujo valor de mercado tem vindo a decrescer.
Com sede na Cidade do Cabo, a Naspers opera em todo o mundo no sector da tecnologia e multimédia (com 2 mil milhões de clientes), mas também noutras áreas tão distintas como a editorial (é proprietária do grupo Abril no Brasil) ou o capital de risco. A flutuação do preço das acções da Naspers não resulta das operações na África do Sul, nem sequer no continente, mas do envolvimento na tecnológica Tencent (adquiriu uma participação de 33% em 2016), cotada em Hong Kong, com resultados decepcionantes. Nos lugares seguintes surgem, a uma distância confortável, três bancos sul-africanos: Absa, FirstRand e Standard Bank, seguidos de outras empresas do mesmo país, como o grupo financeiro Capitec Bank, a gigante das telecomunicações Vodacom e as mineiras Anglo American Platinum e AngloGold Ashanti. Entre estas, destaca-se a Vodacom, que caiu da quarta posição, em 2023, para a sétima, este ano. No entanto, os analistas antevêem um outlook positivo, graças, entre outros factores, à aquisição bem-sucedida da filial da Vodafone no Egipto.
Empresa de Marrocos no ‘top’ 10
A única empresa que não é sul-africana e está entre as dez primeiras é o banco marroquino Attijariwafa Bank, que subiu do 14.º para o 8.º lugar. A capitalização de mercado segue uma tendência ascendente graças à expansão para novos mercados no continente. Os analistas estimam que o banco possa ultrapassar alguns rivais sul-africanos nos próximos quatro anos.
As maiores subidas na classificação das maiores empresas de África estão fora do ‘top’ 10 e foram protagonizadas pelo Banque Centrale Populaire de Marrocos (que saltou do 31.º para o 20.º lugar), pela Harmony Gold Mining, da África do Sul (que subiu 25 posições para o 24.º lugar) e pela construtora imobiliária egípcia Talaat Moustafa (que ascendeu do 146.º ao 50.º lugar). Em sentido contrário, a operadora móvel MTN, da Nigéria, saiu do ‘top’ 10 (caiu da 9.ª para a 35.ª posição), devido, em grande parte, à desvalorização da moeda local (naira).
Importa referir que o ranking da African Business inclui apenas empresas privadas cotadas em bolsa. Caso contrário, petrolíferas como a Sonatrach, da Argélia, e a Sonangol, de Angola, garantiriam certamente um lugar próximo do topo.
As empressas mais dinâmicas
O jornal britânico Financial Times, em parceria com a consultora Statista, elabora também uma classificação complementar, centrada nas 125 empresas africanas cujas receitas mais cresceram nos últimos três anos.
A África do Sul mantém-se como país com mais empresas na lista (42), mas a diferença para a Nigéria (25 empresas) reduziu-se, apesar da crise económica nigeriana, marcada pelo aumento da inflação e pela desvalorização da moeda (naira).
O Quénia continua em terceiro lugar (12 empresas), mas a novidade é a ascensão de Marrocos, que coloca uma dúzia de firmas no topo, quando eram apenas três no ano anterior. As empresas sediadas nas Maurícias também tiveram um bom desempenho (são nove, mais cinco que no ano passado).
Nesta lista do Financial Times/Statista, a empresa vencedora é a nigeriana Omniretail, uma plataforma de comércio electrónico que ajuda pequenos retalhistas, proprietários de quiosques e comerciantes a digitalizarem os seus negócios. A vice-campeã é a Kyosk.App, sediada nas Ilhas Maurícias, que capacita retalhistas tradicionais e agricultores do continente africano com uma plataforma de distribuição digital inovadora. A empresa foi fundada em Nairóbi, no Quénia, e expandiu-se para a Tanzânia, Uganda e Nigéria.
Texto: Jaime Fidalgo • Fotografia: D.R.