O Presidente de São Tomé e Príncipe anunciou este domingo, 22 de Setembro, nas Nações Unidas (ONU) a criação de um “Conservation Trust Fund” (CTF), um fundo com o objectivo de reposicionar a natureza do país como um “activo económico estratégico”.
Carlos Vila Nova falava este domingo no âmbito da Cimeira do Futuro, na sede da ONU, em Nova Iorque, no qual defendeu que a criação deste fundo de conservação ambiental será capaz de impulsionar o desenvolvimento sustentável de São Tomé e Príncipe, além de garantir uma maior previsibilidade de financiamento.
“Como pequeno Estado insular em desenvolvimento, enfrentamos desafios relacionados ao acesso a fontes previsíveis de financiamento e diversificação da nossa economia. O CTF será financiado por compromissos de investidores e filantropia, além de ter como objectivo facilitar trocas de divisa por adaptação climática”, explicou o Presidente são-tomense, sublinhado que a preservação ambiental é uma prioridade para o país.
Perante dezenas de chefes de Estado e de Governo que marcaram presença na Cimeira do Futuro, Carlos Vila Nova indicou que o fundo não só protegerá a biodiversidade do país, como também criará novas oportunidades de subsistência para as “comunidades alicerçadas no valor intrínseco da natureza”.
“Este fundo permitirá protecção de 30% do nosso oceano, conforme estipulado pela Convenção sobre a Biodiversidade, e servirá como um pilar central para o desenvolvimento da nossa ‘economia azul’ e do ecoturismo”, afirmou.
“Estamos comprometidos em articular a conservação da natureza com o desenvolvimento económico, promovendo a emissão de créditos de carbono baseados na produção agrícola sustentável e na conservação das nossas áreas marinhas e terrestres”, garantiu Carlos Vila Nova.
A adesão de São Tomé e Príncipe ao CTF reforça a capacidade do país de “garantir um futuro sustentável e próspero para as próximas gerações”, defendeu ainda o chefe de Estado.
Salientando que países “pequenos e vulneráveis como São Tomé e Príncipe” devem ter uma voz activa nas decisões que afectam o destino comum, o Presidente aproveitou para reafirmar o compromisso com os Objectivos do Desenvolvimento Sustentável e realçou que a ‘Economia verde’ e a protecção dos recursos marinhos e terrestres são elementos centrais da sua estratégia.
Sobre o fortalecimento do multilateralismo para a paz e segurança internacionais, São Tomé e Príncipe destacou a importância de mecanismos multilaterais robustos para resolução de conflitos e a prevenção de crises.
“O mundo enfrenta crescentes ameaças à paz e estabilidade e somente por meio de uma diplomacia multilateral eficaz poderemos garantir a segurança de todas as nações, independentemente do seu tamanho, do poder económico ou da sua capacidade militar”, revelou Carlos Vila Nova, reafirmando o compromisso com a paz e cooperação.
Relativamente à criação de um futuro digital comum, o líder são-tomense saiu em defesa de uma revolução digital inclusiva, lamentando que o fosso digital continue a ampliar as desigualdades, especialmente em países em desenvolvimento.
São Tomé e Príncipe vê no fortalecimento da inovação digital uma oportunidade para capacitar os seus jovens e promover o crescimento económico, acrescentou o governante.
No entanto, isso só será possível através de parcerias internacionais que garantam o acesso inclusivo às tecnologias e às oportunidades digitais, “para que nenhum cidadão seja deixado para trás”, referiu.
Carlos Vila Nova foi um dos líderes mundiais a discursar hoje no arranque da “Cimeira do Futuro”, na sequência da adopção de três acordos históricos que visam construir um futuro melhor para a humanidade: “Pacto para o Futuro”, “Pacto Digital Global” e a “Declaração sobre as Gerações Futuras”.
Fonte: Lusa