Um plano para levar electricidade a 300 milhões de africanos até 2030, apoiado por uma promessa inicial de 30 mil milhões de dólares do Banco Mundial e do Banco Africano de Desenvolvimento (BAD), começou a ser implementado com uma avaliação dos primeiros potenciais beneficiários. O objectivo é angariar 90 mil milhões de dólares ou mais de uma série de fontes.
Algumas das organizações climáticas mais proeminentes do mundo – a Fundação Rockefeller, a Aliança Global para o Povo e o Planeta (GEAPP) e a Energia Sustentável para Todos – anunciaram na sexta-feira (20) a formação de um mecanismo de assistência técnica para examinar projectos e ajudar a garantir o financiamento daqueles que se qualificam para o programa conhecido como Missão 300.
“Todos os projectos começam com um único pagamento”, afirmou Rajiv Shah, presidente da Fundação Rockefeller, em resposta a perguntas, acrescentando que “a facilidade de assistência técnica foi concebida para ajudar o Banco Mundial e o Banco Africano de Desenvolvimento a dar início aos seus ambiciosos planos de electrificação em toda a África Subsaariana”.
O plano, se for bem sucedido, levará energia a metade dos 600 milhões de africanos que não têm acesso à electricidade. O continente é responsável por cerca de três quartos das pessoas sem electricidade a nível mundial, com o Sudão do Sul, o Burundi e o Chade a apresentarem taxas de electrificação inferiores a 12% das suas populações.
Isto limita a produtividade e dificulta o crescimento económico em algumas das nações mais pobres do mundo.
“Nos últimos 15 anos, assistimos, francamente, a uma estagnação” no que diz respeito ao fornecimento de electricidade a um maior número de africanos, declarou Ashvin Dayal, que dirige o programa de energia e clima da Fundação Rockefeller, acrescentando que “para nós, este é o desafio que define o clima e o desenvolvimento do continente nos próximos 20 anos.”
A Fundação Rockefeller e GEAPP, que fundou juntamente com o Bezos Earth Fund e a Fundação Ikea em 2021, está a utilizar um montante inicial de 10 milhões de dólares para ajudar 15 projectos em 11 países africanos, desde o Burkina Faso a Moçambique, a arrancar, disseram os grupos num comunicado. O programa centrar-se-á no fornecimento de energia limpa através de tecnologias como as mini-redes.
“Um exemplo do tipo de projecto que a Missão 300 poderia prosseguir é o projecto DARES na Nigéria, onde o Banco Mundial atribuiu 750 milhões de dólares para expandir a implantação de energia solar nos telhados e mini-redes para levar electricidade a 17,5 milhões de pessoas numa nação onde cerca de 85 milhões não têm acesso à energia”, sublinhou Ashivn Dayal.
Financiamento em Energia Verde
Em Abril, o Banco Mundial anunciou que iria atribuir 25 mil milhões de dólares ao programa e o BAD prometeu 5 mil milhões de dólares. Espera-se que sejam assumidos novos compromissos numa reunião de dotação e reposição da Associação Internacional de Desenvolvimento do Banco Mundial, a realizar na Coreia do Sul em Dezembro. Em Janeiro de 2025, realizar-se-á uma cimeira sobre a iniciativa em Dar es Salaam, na Tanzânia.
Segundo Rajiv Shah, o objectivo é dividir os 90 mil milhões de dólares de financiamento necessários em partes iguais entre fundos públicos, financiamento concessional e filantrópico e compromissos comerciais. As possíveis fontes incluem o Fundo de Resiliência e Sustentabilidade do Fundo Monetário Internacional (FMI) e os direitos de saque especiais recuperados, que são activos de reserva emitidos pelo FMI para os seus membros.
“Temos de nos certificar de que criamos projectos financiáveis que produzam impacto e retornos comercialmente sólidos. Vamos lançar um esforço maciço de angariação de fundos e de sensibilização para elevar a acção e mobilizar os recursos necessários”, anuiu Woochong, director-executivo do GEAPP, numa entrevista.
No âmbito do programa, os países serão encorajados a aumentar o seu acesso ao financiamento, comprometendo-se a efectuar reformas que incentivem a implantação da energia verde.
A expansão do acesso à electricidade em África “exigirá uma ampla coligação que deve continuar a crescer”, afirmou Ajay Banga, presidente do Banco Mundial, no comunicado.
Fonte: BNN Bloomberg