Uma equipa da Universidade de Waterloo, no Canadá, criou um dispositivo inspirado no ciclo natural da água, transportada pelas plantas desde as raízes até às folhas, que oferece um sistema inovador para dessalinizar a água de forma contínua e com um mínimo de manutenção.
“A nossa inspiração vem da observação da forma como a natureza se sustenta e da forma como a água se evapora e condensa no ambiente. O sistema que concebemos induz a evaporação da água, transporta-a para a superfície e condensa-a num ciclo fechado, evitando assim a acumulação de sal que reduziria a eficiência do dispositivo”, explica o Michael Tam, professor do Departamento de Engenharia Química da Universidade de Waterloo.
O sistema também é alimentado por energia solar, convertendo cerca de 93% da energia solar em electricidade, uma taxa cinco vezes mais eficiente do que os dispositivos de dessalinização convencionais. Pode produzir cerca de 20 litros de água doce por metro quadrado, o que corresponde à dose diária de água recomendada pela Organização Mundial de Saúde para consumo e higiene.
De acordo com o portal Ciclo Vivo, para desenvolver o dispositivo, a equipa de investigação baseou-se no trabalho dos estudantes de doutoramento Eva Wang e Weinan Zhao. Utilizaram espuma de níquel coberta com um polímero condutor e partículas de pólen sensíveis à temperatura. Esta substância absorve a luz do sol em todo o espectro da radiação solar, convertendo a sua energia em calor. Uma fina camada de água salgada é aquecida e move-se para cima, imitando o movimento natural que a água faz através dos capilares das árvores.
À medida que a água se evapora, o sal restante flui para a camada inferior, funcionando de forma semelhante a um mecanismo de retrolavagem numa piscina. Isto evita a acumulação de sal e assegura um funcionamento contínuo.
Yuning Li, professor do Departamento de Engenharia Química de Waterloo, ajudou a equipa a avaliar as capacidades de captação de luz do dispositivo para conseguir uma conversão óptima da energia solar.
“Este novo dispositivo não é apenas eficiente, mas também portátil, o que o torna ideal para utilização em regiões remotas onde o acesso à água doce é limitado. Esta tecnologia oferece uma solução sustentável para a crise da água que está a surgir”, afirmou Yuning Li.