A Fly Modern Ark (FMA), empresa sul-africana contratada para liderar o processo de reestruturação das Linhas Aéreas de Moçambique (LAM), concluiu a sua parceria com a companhia após completar o plano de revitalização iniciado em 2023. Segundo a Lusa, o contrato com a LAM chegou ao fim no passado dia 12 de Setembro, depois de a FMA cumprir com o que lhe foi solicitado no âmbito do acordo firmado entre ambas as partes.
De acordo com Theunis Christian de Klerk Crous, sócio da Fly Modern Ark e que assumiu interinamente a direcção da LAM entre Fevereiro e Julho de 2024, a empresa encontrou a LAM numa situação crítica. Na altura, a companhia estava à beira da bancarrota, com mais de 720 postos de trabalho em risco.
Crous sublinhou que a Fly Modern Ark desempenhou um papel decisivo ao garantir que a LAM continuasse a operar, o que permitiu preservar os empregos e assegurar a continuidade dos voos, tanto a nível doméstico como regional e intercontinental.
A parceria entre a LAM e a Fly Modern Ark, estabelecida em Abril de 2023, surgiu num momento de grande dificuldade para a transportadora, que enfrentava uma série de problemas operacionais. As dificuldades estavam associadas a uma frota limitada e a uma carência de investimentos, factores que contribuíram para alguns incidentes operacionais, embora sem vítimas.
A FMA implementou uma série de medidas para optimizar a gestão da companhia, melhorar a manutenção das aeronaves e reforçar a segurança. A continuidade dos serviços, nomeadamente em destinos como Joanesburgo, Dar-es-Salaam, Harare, Lusaca, Cidade do Cabo e Lisboa, foi um dos resultados positivos do trabalho de reestruturação.
Entretanto, durante a sua gestão, a Fly Modern Ark identificou esquemas de desvio de dinheiro nas operações da LAM, que resultaram em prejuízos de cerca de 222 milhões de meticais, foram facilitados por terminais de pagamento automático (TPA/POS) que não eram controlados pela empresa, mas que foram utilizados em lojas de venda de bilhetes. Estas denúncias levaram o Gabinete Central de Combate à Corrupção (GCCC) de Moçambique a abrir uma investigação, que ainda está em curso, visando apurar responsabilidades nas fraudes e avaliar a gestão da frota da companhia.
O término da parceria com a Fly Modern Ark coincidiu com uma mudança na liderança da LAM. Em Julho de 2024, Américo Muchanga foi nomeado presidente da transportadora, substituindo Theunis Christian de Klerk Crous.
Desde a sua nomeação, Muchanga tem procurado consolidar os ganhos obtidos durante o período de reestruturação, tendo recentemente anunciado que a LAM facturou cerca de 3,8 mil milhões de meticais no primeiro semestre deste ano.
Além disso, a companhia pretende expandir a sua frota, com a aquisição de quatro novas aeronaves até ao final de 2024, visando melhorar a sua capacidade operacional e a competitividade no mercado regional e intercontinental.
Apesar do fim formal da parceria, Theunis Crous destacou que a Fly Modern Ark mantém boas relações com a actual direcção da LAM e mostrou-se disponível para futuras colaborações, se assim for necessário. Para a transportadora, o desafio agora é continuar o processo de revitalização iniciado pela FMA e enfrentar as dificuldades financeiras persistentes, que incluem uma dívida estimada em cerca de 22,5 mil milhões de meticais.