O banco central da China anunciou esta sexta-feira, 20 de Setembro, que vai manter a taxa de juro de referência em 3,35% pelo terceiro mês consecutivo, correspondendo às expectativas da maioria dos analistas.
Na actualização mensal publicada no portal do Banco Popular da China, a instituição indicou que a taxa de juro de referência a um ano (LPR, na sigla em inglês) se manterá nesse nível pelo menos até daqui a um mês.
Este indicador, estabelecido como referência para as taxas de juro em 2019, é utilizado para fixar o preço dos novos empréstimos, geralmente destinados às empresas, e dos empréstimos à taxa variável que estão a ser reembolsados.
É calculado com base nas contribuições de preços de um conjunto de bancos – incluindo pequenos credores que tendem a ter custos de financiamento mais elevados e maior exposição a crédito malparado – e tem como objectivo baixar os custos dos empréstimos e apoiar a “economia real”.
Após ter mantido a taxa de juro em 3,45% desde Agosto de 2023, o banco central efectuou uma redução inesperada de 10 pontos-base, para 3,35%, em Julho, embora os peritos a tenham considerado insuficiente para fazer grande diferença na actividade económica.
A analista da Capital Economics, Julian Evans-Pritchard, explicou na altura que estavam excluídos cortes profundos, tendo em conta o interesse das autoridades em estabilizar os rendimentos a longo prazo e em abrandar a desvalorização do renmimbi, a moeda nacional, apesar de algumas vozes apelarem a que a ameaça de deflação seja tida mais em conta quando se aposta na flexibilização monetária.
“Neste momento, devemos concentrar-nos no combate às pressões deflacionistas”, afirmou, este mês, o antigo governador do banco central, Yi Gang.
Com cada vez mais vozes a juntarem-se a esse apelo e com a Reserva Federal dos Estados Unidos a iniciar um novo ciclo de cortes nas taxas, empresas de consultoria como a Trading Economics previam um corte de cerca de 15 pontos base este mês.
O banco central chinês também indicou nesta sexta-feira que a LPR a mais de 5 anos – a referência para o crédito à habitação – permanecerá em 3,85%, depois de também ter descido 10 pontos-base em Julho.
Em Fevereiro, a instituição baixou a taxa de referência em 25 pontos-base, de 4,2% para 3,95%. Esta foi a maior descida desde que as autoridades chinesas inauguraram o sistema LPR, em 2019, e superou também as expectativas do mercado, que antecipava uma descida de 15 pontos-base.
De acordo com os analistas, a decisão de realizar uma descida maior do que o previsto no LPR a cinco anos ou mais teria demonstrado a preocupação de Pequim com o mercado imobiliário, que está mergulhado há mais de dois anos numa crise, bem como a intenção de continuar a promover medidas para o reanimar.
Fonte: Jornal de Negócios