A economia informal do Zimbabué custou ao país pelo menos 1,15 mil milhões de dólares em potenciais receitas fiscais entre 2020 e 2023, de acordo com um estudo apresentado na Conferência sobre o Desenvolvimento Económico do Zimbabué (ZEDCON) em Victoria Falls.
Os níveis crescentes de informalidade em vários sectores de actividade foram identificados como uma ameaça significativa para a indústria transformadora do país e para o desenvolvimento económico em geral.
Apesar dos esforços do Governo para incentivar a formalização das empresas, milhares de empresários continuam a operar na economia informal, que emprega actualmente a maioria da força de trabalho do Zimbabué. Esta tendência não é exclusiva do país, uma vez que muitas nações africanas enfrentam desafios semelhantes, com as empresas informais a fugirem frequentemente aos impostos e a corroerem as receitas públicas.
As conclusões surgem no momento em que a Agência Nacional de Estatística do Zimbabué se prepara para o Censo Económico de 2025, um estudo abrangente do panorama empresarial do país. O censo, previsto para começar em Abril de 2025, fornecerá dados críticos sobre os sectores formal e informal, oferecendo uma visão sobre a verdadeira dimensão e saúde da economia do país.
O investigador Curren Pindiriri, da Universidade do Zimbabué, que apresentou o trabalho intitulado “Os custos fiscais das distorções monetárias e cambiais no Zimbabué”, salientou que a informalidade, combinada com a elevada inflação e as distorções cambiais, teve um impacto significativo na base de receitas do país. Pindiriri explicou que as distorções da taxa de câmbio, particularmente antes da introdução da moeda apoiada no ouro do Zimbabué, agravaram a situação económica.
“A inflação também continuou a perturbar o país, ultrapassando os 700% em termos anuais até ao final de 2023”, observou o investigador, sublinhando que “em Abril de 2024, a taxa de câmbio oficial havia se depreciado em mais de 95% desde Dezembro de 2023, enquanto a diferença do mercado paralelo ultrapassava 50%.”
Estes desafios económicos, incluindo a inflação e as disparidades cambiais, impuseram encargos adicionais à cobrança de impostos, frequentemente negligenciados no planeamento fiscal.
O documento, redigido em cooperação com Pindiriri, Victor Steenbergen do Banco Mundial, Jimmy Psillos da Confederação das Indústrias do Zimbabué (CZI) e o economista Marko Kwaramba, sublinha a necessidade de políticas que abordem tanto o sector informal como as distorções monetárias para reforçar a sustentabilidade orçamental do país.
Embora o sector informal proporcione oportunidades a muitas pessoas, os líderes da indústria alertam para o facto de este sector minar o sector formal e produtivo, prejudicando o crescimento económico do Zimbabué a longo prazo.
Fonte: The Zimbabwe Mail