O Zimbabué está a lutar para construir projectos de energia independentes para ajudar a aliviar a prolongada escassez de electricidade, devido à falta de financiamento e à instabilidade económica, declarou um funcionário do Governo.
O país da África Austral, que se debate com longos cortes de energia, produz cerca de 1200 Megawatts (MW) de electricidade, principalmente a partir da central a carvão de Hwange, contra uma procura máxima de quase 2000 MW. Para colmatar o défice, o Governo concedeu licenças a investidores privados para produzirem um total de 2920 MW a partir de centrais a carvão e solares.
A secretária de Estado da Energia, Gloria Magombo, afirmou numa conferência económica na segunda-feira (16) que cerca de 250 MW de produção privada de energia deverão entrar em funcionamento este ano.
“Temos recursos energéticos naturais, mas o que precisamos é de financiamento, financiamento esse que precisa de estabilidade macroeconómica”, apontou a governante, acrescentando que “os produtores independentes de energia também precisam de garantias do Governo de que poderão remeter dividendos e fundos de reembolso de empréstimos”.
O Zimbábue continua a experimentar episódios de alta inflação, principalmente devido a uma moeda local volátil que reintroduziu em 2019, uma década depois de abandoná-la pelo dólar americano. A escassez de moeda estrangeira no país significa que os investidores lutam para remeter dividendos ou pagar empréstimos internacionais.
Os produtores independentes de energia também são desencorajados pela perspectiva de vender electricidade ao que consideram uma taxa de câmbio oficial sobrevalorizada, o que levaria a perdas.
O país produz pelo menos 80% da sua electricidade a partir do carvão, com a produção da central hidroeléctrica de Kariba, de 1050 MW, actualmente limitada a 215 MW devido aos baixos níveis de água após a seca devastadora. Os pequenos produtores independentes de energia contribuem habitualmente com 20 MW a 50 MW para a rede nacional.
A procura de energia deverá aumentar sobretudo devido à expansão dos projectos mineiros, uma vez que o Zimbabué, o maior produtor de lítio de África, procura capitalizar o aumento previsto da procura do metal para baterias.
Fonte: CNBC AFRICA