Os credores do Zimbabué podem estar dispostos a considerar negociar a troca de dívida por investimentos em clima com o país, como parte de uma reestruturação dos seus 21 mil milhões de dólares em atraso.
As interacções com os diferentes parceiros de desenvolvimento do país indicam que se trata de “uma opção que estão dispostos a considerar”, afirmou Raul Fernandez, gestor de projectos do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento para o quadro de desenvolvimento climático, aos delegados na segunda-feira (17), numa cimeira económica organizada pelo Tesouro do país na cidade turística de Victoria Falls.
“É preciso que o Governo tome medidas, que se comprometa com as reformas estruturais”, declarou o gestor, acrescentando que “existe essa vontade, eles têm isso no seu radar, essa opção.”
Numa apresentação anterior, Fernandez sublinhou que as trocas de dívida, como as do clima e da natureza, são mecanismos financeiros inovadores em que uma parte das responsabilidades externas de um país em desenvolvimento é perdoada em troca de compromissos de investimento em projectos de conservação climática ou marinha. Instrumentos semelhantes foram lançados em Barbados, Belize, Gabão e Equador.
“Pode levar a uma redução substancial da dívida. Nalguns casos, pode levar a uma melhoria das condições de pagamento”, anuiu o responsável. O país da África Austral tem uma “janela de oportunidade” que pode aproveitar, uma vez que os países industrializados são obrigados a fornecer financiamento climático.
O Zimbabué está excluído dos mercados internacionais de capitais desde 1999, depois de não ter cumprido as suas dívidas. Incapaz de pagar as suas obrigações, os pagamentos de juros dispararam.
Em 2022, o país africano solicitou a ajuda de Akinwumi Adesina, presidente do Banco Africano de Desenvolvimento (BAD), e de Joaquim Chissano, antigo dirigente de Moçambique, para liderar as negociações de reestruturação com os credores.
Os investidores do país incluem o Clube de Paris, o Banco Mundial, o Banco Europeu de Investimento e o BAD.
Fonte: BNN Bloomberg