O declínio da ajuda pública ao desenvolvimento (ODA), combinado com o aumento dos custos dos empréstimos, está a estrangular o fluxo de fundos necessários para projectos fundamentais.
Sem resolver estes obstáculos financeiros, muitos países terão dificuldade em cumprir os Objectivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e em enfrentar os impactos crescentes das alterações climáticas. Temos de enfrentar estas questões para garantir que o financiamento do futuro de África continua a ser uma prioridade mundial.
Durante anos, o ODA tem sido uma tábua de salvação para muitas nações africanas, mas esta tábua está a desfazer-se. Os doadores mundiais, a braços com os seus problemas económicos, estão a reduzir a ajuda, deixando os governos africanos entregues a si próprios.
Entretanto, a contracção de empréstimos tornou-se uma faca de dois gumes. As taxas de juro estão a subir, impulsionadas por políticas monetárias mais restritivas e pela percepção de riscos mais elevados nos mercados emergentes. Para muitos, o custo dos empréstimos é simplesmente demasiado elevado, tornando quase impossível o acesso ao capital necessário para o crescimento e o desenvolvimento.
Vemos os efeitos desta crise financeira todos os dias. As estradas não são construídas, as escolas permanecem subfinanciadas e as infra-estruturas necessárias para resistir às alterações climáticas são adiadas ou completamente canceladas.
Estas barreiras financeiras não são apenas números numa página – representam oportunidades perdidas, crescimento atrofiado e potencial não satisfeito.
Não se trata apenas de perder alguns projectos. Se África não conseguir assegurar o financiamento necessário, as repercussões far-se-ão sentir em toda a parte.
Milhões de pessoas poderão ficar sem acesso a serviços básicos e o continente poderá perder etapas fundamentais do desenvolvimento. Os impactos climáticos mais frequentes e graves afectarão mais duramente os mais vulneráveis, fazendo retroceder anos de progresso.
No entanto, o financiamento do futuro de África não deve ser visto como um fardo, mas sim como um investimento num futuro global partilhado. Ignorar estes desafios financeiros não é uma opção se quisermos realmente alcançar os ODS e construir um mundo sustentável.
Reconsiderar o regulamento financeiro
Então, qual é a saída? Precisamos de um novo manual. O financiamento misto, que mistura fundos públicos e privados, oferece uma abordagem promissora.
Ao reduzir o risco dos projectos, este modelo pode atrair investidores privados que, de outra forma, poderiam ficar afastados. As obrigações verdes também estão a ganhar força, apelando aos investidores interessados em apoiar iniciativas sustentáveis.
Estas soluções inovadoras não são apenas palavras da moda; representam uma oportunidade real para financiar o futuro de África de uma forma que se alinhe com os objectivos globais de sustentabilidade.
Mas não se trata apenas de encontrar dinheiro novo; trata-se de criar um ambiente que apoie a contracção de empréstimos a preços acessíveis.
A comunidade internacional precisa de dar um passo em frente, não com esmolas, mas com medidas práticas como o alívio da dívida e os empréstimos em condições favoráveis. Trata-se de nivelar as condições de concorrência, dando às nações africanas a margem de manobra de que necessitam para fazer investimentos inteligentes sem se afogarem em dívidas.
Ao olharmos para o futuro, a mensagem é clara: o momento de agir é agora. As barreiras financeiras são assustadoras, mas não são intransponíveis. Ao repensar a forma de abordar o financiamento do desenvolvimento, abrem-se novas portas para novas possibilidades. O momento é agora.
Fonte: Further Africa