A multinacional energética Galp fez saber que desistiu de investir na exploração de gás natural liquefeito (GNL), no norte de Moçambique, pelo facto de querer apostar em projectos de alto rendimento, baixo custo e baixa intensidade de carbono.
Em Maio passado, a empresa portuguesa revelou ter decidido abandonar o negócio de GNL, anunciando a venda da sua participação de 10% no consórcio que está a explorar a Área 4 da Bacia do Rovuma, na província de Cabo Delgado.
Na altura, a Galp revelou que a venda dos seus activos de exploração e produção em Moçambique à petrolífera dos Emirados Árabes Unidos Abu Dhabi National Oil Company (ADNOC) foi acordada por 650 milhões de dólares, o equivalente a 41 mil milhões de meticais ao câmbio actual.
Neste sentido, em jeito de explicação, o CEO da Galp, Filipe Silva, em entrevista à Energy Connects, enfatizou que as decisões tomadas pela instituição que dirige são importantes por causarem impacto significativos nos lucros tendo em conta os preços mais elevados do petróleo e custos de produção mais baixos.
“Estas acções permitem-nos cristalizar valor, reduzir o risco e focar em iniciativas de maior retorno alinhadas com a estratégia da Galp. Estamos empenhados em reduzir o risco e a crescer a partir de projectos de baixo custo e de baixa intensidade de carbono, ao mesmo tempo em que transformamos as nossas posições integradas”, sustentou.
Segundo o responsável, como resultado das decisões estratégicas, a Galp observou um aumento homólogo de 16% no lucro líquido no segundo trimestre de 2024. “A empresa teve ganhos na ordem dos 299 milhões de euros, apesar de um ambiente volátil de preços das matérias-primas”, vincou.
A Galp iniciou os investimentos em Moçambique em 2007, assinando um acordo com a italiana Eni e a Empresa Nacional de Hidrocarbonetos (ENH) para a exploração da Área 4, com profundidade de água que chega aos 2600 metros.
A Galp mantinha uma posição de 10%. Participações semelhantes têm a ENH e a sul-coreana Kogas. Os restantes 70% pertencem à Mozambique Rovuma Venture, uma sociedade detida pela Eni, ExxonMobil e pela China National Petroleum Corporation.
Em Agosto, a Autoridade Reguladora da Concorrência (ARC) deu a sua aprovação à venda da participação da Galp no consórcio, esclarecendo que, após uma análise aprofundada, a transacção não terá impacto negativo na estrutura dos mercados de extracção e liquefacção de gás natural, nem na venda de GNL em larga escala.
Numa das suas intervenções, o presidente do Instituo Nacional de Petróleo (INP), Nazário Bangalane, afirmou que a saída da Galp do consórcio era um movimento esperado e comum em projectos de tal envergadura, sublinhando que as concessionárias têm liberdade para negociar as suas participações.