O País terá de pagar mil milhões de euros (69,86 mil milhões de meticais) em dívida interna nos próximos dois anos, advertiu a agência de notação financeira Standard & Poor’s (S&P), apresentando desafios económicos significativos a nível nacional, informou a Lusa, citando agência de informação financeira Bloomberg.
“Estas são maturidades muito avultadas”, disse o director adjunto do departamento de ‘ratings’ soberanos da S&P, Leon Bezuidenhout, referindo-se aos pagamentos de dívida interna que Moçambique terá de suportar em 2025 e 2026, anos em que terá de pagar 38 e 34 mil milhões de meticais, que equivalem a 545 e 480 milhões de euros, respectivamente.
“Isto é algo que colocará desafios potenciais e necessidade de compromissos políticos para o Governo”, acrescentou Bezuidenhout, tendo igualmente afirmado que, ainda assim, “o sistema financeiro local ainda tem capacidade para absorver emissões adicionais”, apesar de os juros estarem “extremamente altos”.
A crescente dívida pública interna de Moçambique resultou, em grande parte, do afastamento do País dos mercados financeiros internacionais após o escândalo das dívidas ocultas. Esta crise financeira levou o Governo a recorrer ao endividamento interno para financiar as despesas públicas.
Além disso, um programa governamental destinado a simplificar os custos com os funcionários públicos acabou por agravar a situação, levando a alertas do Fundo Monetário Internacional (FMI).
Moçambique também enfrenta o aumento dos juros da dívida externa, especialmente das Eurobonds. O Executivo já iniciou o pagamento do cupão do Eurobond com maturidade em 2031, que passou de 5% para 9%, elevando os encargos anuais de 47 milhões de dólares (2,97 mil milhões de meticais) para 81 milhões de dólares (5,12 mil milhões de meticais) entre 2023 e 2028, e para 225 milhões de dólares (14,22 mil milhões de meticais) por ano entre 2028 e 2031.
Os analistas da S&P destacaram em Abril que Moçambique se encontra no território de “não investimento” ou ‘lixo’, com um ‘rating’ de CCC. O FMI prevê que a dívida pública atinja 97,5% do PIB, uma das mais elevadas de África, e que 20% da receita fiscal seja destinada ao pagamento da dívida, restringindo ainda mais a capacidade do governo de contrair novos empréstimos.