O gigante asiático tem optado por recorrer a transacções conhecidas como “swaps” em moeda estrangeira para construir posições a descoberto no dólar de 165 mil milhões de dólares no primeiro semestre, avança a Bloomberg. A elevada quantia investida tem gerado retornos a quem toma a decisão contrária, que chegaram a 6% em Julho.
Apesar desse valor ter moderado, indicam que as financeiras chinesas terão perdido entre 5 e 16 mil milhões de dólares no mercado, quando o yuan afundou face ao dólar este ano. No entanto, há sempre a possibilidade de que os bancos chineses possam lucrar com a decisão caso a divisa local ganhe força.
Os bancos chineses pedem dólares a entidades estrangeiras que recebem o equivalente em yuans à actual taxa de mercado. E, no espaço de um ano, o banco central deve repagar o montante à taxa definida. Mas como as taxas de juro nos Estados Unidos são mais elevadas do que as da China, a taxa a que terão de pagar o dinheiro – conhecida como “forward exchange rate” – é mais baixa.
Este é um dos últimos efeitos da abordagem de Pequim à gestão do valor do yuan – depois de uma forte desvalorização em 2015 que levou as autoridades a despenderem de 650 mil milhões de dólares de reservas em moeda estrangeira para tentarem impedir a a divisa de descer a níveis que pudessem levar a saídas de capital, ou afetar empresas domésticas que recorrem a financiamento no exterior.
Com os bancos a suportarem agora o peso dos esforços de Pequim para sustentar o yuan, a China tem conseguido estabilizar a divisa sem recorrer às reservas e mantendo-as, assim, robustas. Tal poderá encorajar os especuladores a testarem o “poder de fogo” que o Banco Popular da China (PBOC, na sigla em inglês) estará disposto a utilizar.
Brad Steser, investigador sénior do Council on Foreign Relations, salientou que qas vantagens deste método são óbvias. “Disfarça o papel do Estado no mercado e evita o escrutínio que acompanha a intervenção direta do PBOC – tanto o escrutínio público como o escrutínio internacional”, remata.
A estratégia, apesar de arriscar anular valor para os accionistas de bancos chineses e tornar a participação de soberanos no mercado cambial mais difícil de acompanhar, tem estado também a gerar retornos significativos para investidores que têm aproveitado as anomalias do mercado.