O Zimbabué precisa de 1,64 mil milhões de dólares para reforçar a produção agrícola, depois de uma seca devastadora ter aumentado a insegurança alimentar e provocado o estado de calamidade.
A nação da África Austral tem como objectivo quadruplicar a produção anual das principais culturas para 4,1 milhões de toneladas métricas, incluindo 2,7 milhões de toneladas métricas da sua cultura básica de milho, na próxima época, segundo um documento de política governamental visto pela Bloomberg e verificado pelo Ministério da Agricultura. O país produziu um recorde de 2,8 milhões de toneladas métricas de milho em 2020-2021.
Espera-se que o sector privado contribua com 60% para a necessidade de financiamento da próxima temporada através de contratos, enquanto o Governo cobrirá 37% e os agricultores autofinanciados farão o restante, declarou o Ministério no documento, não explicando porém como é que o dinheiro será obtido.
O Zimbabué sofreu a pior seca em mais de quatro décadas na época que agora terminou, uma vez que o fenómeno meteorológico El Niño reduziu a precipitação e queimou as culturas em todo o país e na região da África Austral. A insegurança alimentar aumentou, o que levou o Presidente Emmerson Mnangagwa a declarar o estado de catástrofe nacional em Abril, uma medida também tomada por vários países vizinhos.
“A estação do El Niño afectou toda a região da África Austral, mas o Zimbabué parece ter sido o epicentro”, afirmou o Ministério.
Ainda assim, o Governo poderá ter dificuldades em obter financiamento, depois de anos de turbulência económica e política e de políticas erráticas terem afastado os investidores. O país está praticamente excluído dos mercados internacionais de dívida e não pode obter assistência dos principais credores multilaterais, como o Banco Mundial, porque não pagou os pagamentos em atraso da sua dívida externa.
Crise Alimentar no Zimbabué: Desafios e Perspectivas
O país consome 2,2 milhões de toneladas de milho por ano, sendo que cerca de 80% destas são utilizadas na alimentação humana e as restantes na alimentação do gado. O Zimbabué está a pedir ajuda ao Programa Alimentar Mundial das Nações Unidas e os seus moleiros também afirmaram que terão de importar cerca de 1,4 milhões de toneladas para satisfazer a procura.
O país tem lutado periodicamente para alimentar a sua população desde que, em 2000, o antigo Presidente Robert Mugabe apoiou a confiscação de explorações agrícolas comerciais detidas por brancos para as redistribuir por agricultores de subsistência negros, uma campanha que levou à expulsão dos agricultores e dos seus trabalhadores das suas terras.
Embora esta medida se destinasse a compensar a desapropriação das terras dos zimbabueanos negros durante a era colonial, ela teve como resultado a perda do papel do país como grande exportador de milho para a região.
Espera-se que a época de plantação que começa no próximo mês beneficie do fenómeno meteorológico La Niña, que tipicamente traz precipitação normal ou acima do normal.
Fonte: BNN Bloomberg