As abelhas são famosas pela sua capacidade de organização e trabalho árduo. Cada uma tem um papel específico e os seus esforços coordenados mantêm a sua colmeia a funcionar eficientemente.
Tal como as colmeias, as empresas são ecossistemas complexos que exigem uma inteligência e uma mentalidade colectivas para funcionarem de óptima forma e criarem mudanças significativas.
Siobhán McHale, autora do livro “The Hive Mind at Work” (A mente da colmeia no trabalho), que será lançado ainda neste mês de Setembro, partilha lições que podem ser utilizadas no trabalho, sobre a forma como as colónias de abelhas se organizam e trabalham em conjunto.
1. Propósito
Uma abelha-operária pode visitar mais de mil flores num único dia para colectar suprimentos para a colmeia e, ao longo da sua vida, voará o equivalente a uma vez e meia a circunferência da Terra para produzir menos de uma colher de chá de mel.
No entanto, há um objectivo por detrás do trabalho árduo que move as polinizadoras. “Elas trabalham tanto para o bem-estar da colmeia como para o ecossistema do qual depende a existência da mesma”, explica McHale, que acredita que as organizações actuais devem funcionar da mesma forma para alcançar o sucesso. “Sem um objectivo maior, estamos apenas a fazer o que é preciso. Com um propósito, é possível não só alcançar grandes feitos, mas também ultrapassar momentos muito difíceis em equipa”.
2. Clareza de papéis
De acordo com McHale, cada abelha assume um papel específico e cumpre essa função em harmonia com as suas colegas, que assumem posições diferentes. Eis algumas delas:
- As operárias saem à procura de alimentos que transformem o néctar dourado em mel;
- As enfermeiras alimentam as crias com geleia real para garantir um crescimento bem-sucedido;
- As limpadoras removem os detritos, o que cria um dos ambientes mais limpos e estéreis da natureza.
Embora o seu papel específico venha do berço, uma abelha pode alterar as suas responsabilidades em resposta às condições da colmeia. Em tempos de paz ou em cenários de perigo, a colmeia opera como um ecossistema funcional, cujos esforços da equipa podem produzir mais de 300 kg de mel por estação.
Nas empresas, o papel de cada profissional é tão influente nos resultados da empresa como o esforço individual e colectivo. Por vezes, os colaboradores podem ter uma percepção desactualizada das suas funções, especialmente em tempos de mudança. De acordo com McHale, uma das principais prioridades dos líderes é garantir que todos tenham uma visão clara e alinhada do seu papel.
3. O momento certo para mudar
No final da Primavera e no Verão, as colmeias podem ficar sobrelotadas e muitas vezes duplicar de tamanho. As abelhas não conseguem produzir mel suficiente para sustentar a colónia durante os meses de Inverno rigoroso que se seguem. Como resultado, a comunidade analisa os sinais de sobrepopulação, determina que não consegue recolher provisões suficientes para alimentar todo o grupo e decide iniciar uma grande mudança, dividindo a colmeia em duas populações. “É uma mudança assustadora, mas a sobrevivência a longo prazo depende dela”, afirma Siobhán McHale.
A autora destaca que reconhecer o momento certo para mudar também é importante no ambiente empresarial. “Muitos líderes empresariais não conseguem olhar para além das questões urgentes do dia-a-dia para ver os problemas subjacentes que podem ameaçar a sua sobrevivência, mas precisam de procurar sinais subtis de que o perigo está à frente se não forem iniciadas mudanças significativas”, alerta.
4. Tomada de decisões
Quando uma colmeia superlotada se divide, milhares de abelhas voam e instalam-se numa área temporária, como o galho de uma árvore. Exploram e avaliam potenciais lares com uma lista de critérios e apresentam as descobertas às colegas, até que uma escolha emerge como a melhor possibilidade.
“As abelhas sabem que é preciso muito cuidado antes de mover toda a colónia para um novo lar. Esse processo pode ser comparado ao de líderes empresariais que aproveitam o poder da inteligência colectiva na tomada de decisões. Aqueles que ocupam cargos de liderança nunca devem deliberar coisas importantes sem consultar as pessoas que realmente fazem o trabalho”, comenta McHale.
5. Preparação para mudanças
À medida que as abelhas se preparam para deixar a área temporária em direcção ao novo lar, o tempo está a correr, e a colónia só pode sobreviver por cerca de três dias com o mel que as abelhas consumiram antes de deixar a colmeia.
Nesse momento, as super polinizadoras mobilizam a colónia para que todas se juntem à migração. Elas assumem o papel de líderes da mudança para garantir que todos estejam a bordo com a nova direcção, algo que muitas vezes não é visto no ambiente de trabalho.
A mudança organizacional é uma tarefa complicada, confusa e, muitas vezes, frustrante. Independentemente da natureza do negócio, o planeamento é essencial para delinear como navegar por novos cenários e enfrentar os riscos que podem afectar o progresso. “A mudança organizacional exige líderes que possam planear um curso de acção e tomar decisões críticas num contexto de incerteza e ambiguidade”, conclui.
Fonte: Forbes Brasil