O Fórum para a Cooperação China-África (FOFAC) arranca esta quarta-feira, 4 de Setembro, em Pequim, com a presença de vários líderes do continente africano, num encontro em que a China vai procurar diversificar o comércio bilateral.
Os encontros realizados na segunda-feira entre o Presidente chinês, Xi Jinping, e homólogos africanos foram marcados pelas promessas chinesas de investimento no continente, antecipando uma nova edição do Fórum para a Cooperação, um mecanismo de diálogo entre China e África, iniciado em Pequim, em 2000.
Pelo menos 50 chefes de Estado e de governos africanos vão estar na capital chinesa, até sexta-feira (6), para participar no Fórum, indicou a diplomacia chinesa, sobre o encontro em que o lema é “dar as mãos para promover a modernização”.
O fórum vai incluir uma cimeira empresarial, de acordo com a emissora estatal chinesa CCTV, terminando o evento com dois documentos – uma “declaração” e um “plano de acção” para orientar a cooperação China-África nos próximos três anos.
Desde 2000, este fórum tem crescido em importância, tornando-se um evento prioritário que acolhe delegações de alto nível de todos os países africanos, com excepção de Essuatíni (antiga Suazilândia), que mantém relações diplomáticas com Taiwan e não com a China.
A segunda maior economia do mundo tem sido o maior parceiro comercial de África nos últimos 15 anos, com o volume de comércio a atingir um recorde de 282,1 mil milhões de dólares em 2023. No primeiro semestre deste ano, o comércio bilateral atingiu 167,8 mil milhões de dólares, de acordo com os meios de comunicação oficiais chineses.
No continente africano, os empréstimos substanciais de Pequim permitiram a construção de numerosos projectos de infra-estruturas, como caminhos-de-ferro, portos e estradas.
Ao longo das duas últimas décadas, a China enviou centenas de milhares de trabalhadores e engenheiros para África para construir estes grandes projectos e obteve acesso privilegiado aos vastos recursos naturais africanos, nomeadamente cobre, ouro e lítio.
No entanto, algumas vozes têm também criticado a estratégia do gigante asiático no continente pelas chamadas “armadilhas da dívida”, face à alegada utilização estratégica da dívida para tornar os países africanos cativos dos desejos e exigências de Pequim.
O défice comercial de África com a China aumentou no ano passado para 64 mil milhões de dólares, embora a diferença tenha diminuído no primeiro semestre de 2024 graças ao rápido crescimento das importações chinesas de África.
Os empréstimos concedidos pela China a países africanos no ano passado atingiram o nível mais elevado dos últimos cinco anos, de acordo com uma base de dados da Universidade de Boston (EUA). Os principais países mutuários foram Angola, Etiópia, Egipto, Nigéria e Quénia.
Mas o montante dos empréstimos – 4,61 mil milhões de dólares – está muito abaixo dos máximos atingidos em 2016, quando totalizaram quase 30 mil milhões de dólares.
Fonte: Lusa