O Governo sul-africano precisa de dar mais apoio e trabalhar mais de perto com os grandes grupos internacionais de energia para os ajudar a desenvolver os seus recursos de petróleo e gás offshore, afirmou o ministro da Energia do país, Kgosientsho Ramokgopa, ao Financial Times numa entrevista publicada nesta terça-feira (3).
Nos últimos anos, a África do Sul viu as grandes petrolíferas, incluindo a Shell e a TotalEnergies, fazerem várias descobertas importantes de petróleo e gás natural ao largo das suas costas sul e oeste.
No entanto, a TotalEnergies anunciou em Julho que se vai retirar da TotalEnergies EP South Africa, uma filial da companhia, que detinha uma participação de 45% no bloco ao largo da costa sul da África do Sul.
A companhia entrou no Bloco 11B/12B em 2013 e fez duas descobertas de gás: Brulpadda e Luiperd. Mas estas não puderam ser transformadas num desenvolvimento comercial porque “parecia demasiado difícil desenvolver economicamente e rentabilizar estas jazidas de gás para o mercado sul-africano”, declarou a gigante francesa em Julho.
Apesar de a TotalEnergies não ter dado pormenores sobre a sua decisão de abandonar o bloco de gás, os especialistas da indústria informaram o Financial Times que a recusa da empresa estatal de petróleo e gás da África do Sul, PetroSA, em aceitar um acordo para comprar o combustível do futuro projecto foi, em parte, a razão da retirada do grupo francês do bloco.
Durante a entrevista, o ministro Ramokgopa afirmou que a África do Sul poderia ter feito mais para garantir que a TotalEnergies pudesse desenvolver comercialmente e rentabilizar o projecto.
“O gás nacional é muito mais barato do que o gás importado, por isso temos de fazer mais para trabalhar com os actores que nos podem ajudar a explorar estas reservas”, declarou o ministro.
A TotalEnergies não está a abandonar a exploração offshore da África do Sul: já apostou na futura exploração de petróleo na Bacia de Orange, que se estende entre a Namíbia e pelo território sul-africano, o mais recente foco de exploração.
No início deste ano, a TotalEnergies e a QatarEnergy expandiram os seus esforços de exploração de petróleo e gás na Bacia de Orange, adquirindo uma licença próxima desta em águas sul-africanas.
A África do Sul precisa de recursos nacionais, especialmente de gás para a produção de electricidade, uma vez que tem estado a braços com uma crise energética, com cortes diários de energia que têm prejudicado a economia. A empresa pública Eskom não tem conseguido aumentar, de forma contínua, a sua capacidade de produção para acompanhar o ritmo da procura crescente.
Fonte: Crude Oil Prices Today