Moçambique possui condições agrícolas favoráveis para a produção de biocombustíveis em grandes quantidades, com custos de produção entre 1,04 e 1,76 dólares (66 e 111 meticais) por litro, revela um estudo preliminar apresentado em Maputo esta quinta-feira (29), segundo informou o portal Carta de Moçambique.
Encomendado pelo Ministério da Economia e Finanças (MEF) à consultora Green Light, o estudo visa apoiar a implementação da medida 10 do Pacote de Medidas de Aceleração Económica (PAE), que prevê a mistura obrigatória de biocombustíveis nos combustíveis líquidos importados para consumo interno.
Segundo o consultor Víctor Matavel, o País dispõe de diversas matérias-primas adequadas para a produção de bioetanol e biodiesel, incluindo mandioca, cana-de-açúcar, caju, batata-doce, mexoeira, algodão, coco, moringa, palma e rícino.
O estudo identificou que as províncias de Inhambane, Zambézia, Nampula e Cabo Delgado são ideais para o fornecimento de coco, enquanto os distritos de Dondo e Chiúta, no centro do País, e Angoche e Cuamba, no norte, são promissores para a produção de cana-de-açúcar. Em termos de custos, a produção de biocombustíveis a partir da cana-de-açúcar varia entre 1,04 e 1,42 dólares (66 a 90 meticais) por litro, enquanto o custo usando mandioca situa-se entre 1,21 e 1,76 dólares (77 a 111 meticais) por litro.
No entanto, o estudo ressalva que, para a viabilidade plena da produção de biocombustíveis, é necessário desenvolver uma estratégia abrangente que inclua infra-estruturas de transporte, logística de distribuição, adaptação de bombas de combustível e veículos, além de incentivos ao investimento privado.
O director-geral adjunto de hidrocarbonetos e combustíveis do Ministério dos Recursos Minerais e Energia, José Muhai, revelou que já existem agentes económicos interessados na produção, aguardando a luz verde do Governo.
Soares Xerinda, da Confederação das Associações Económicas de Moçambique (CTA), alertou para o custo elevado dos insumos necessários, como o óleo e o álcool, actualmente acima dos 100 meticais, em comparação com o preço dos combustíveis fósseis importados. Xerinda defendeu que o Governo deve criar mecanismos para incentivar o sector privado.
Apesar do potencial identificado, o estudo lembra que uma análise similar realizada em 2008 não avançou devido aos custos elevados dos biocombustíveis. Financiado pela Corporação Financeira Internacional (IFC), o documento continuará a ser discutido com o sector privado antes da conclusão final.
Ainda não há data definida para a implementação da obrigatoriedade da mistura de biocombustíveis nos combustíveis líquidos importados, “mas o Governo permanece empenhado em reduzir a dependência de combustíveis fósseis, promovendo uma produção sustentável no País”, lê-se na notícia.