Localizado a quase quatro mil metros acima do nível do mar, entre o Peru e a Bolívia, o Lago Titicaca é o maior reservatório de água doce da América do Sul.
É o lago navegável mais alto do mundo e esta característica, só por si, bastava para o tornar famoso, mas há mais: as suas águas albergam invulgares aldeias flutuantes, feitas inteiramente de “totora”, uma espécie de plantas que cresce em abundância nas águas pouco profundas da lagoa.
O Lago Titicaca é conhecido como as ‘lhas flutuantes dos Uros’, que começaram a ser construídas há muitos séculos por esta antiga etnia, que ainda habita uma vasta região entre a Bolívia e o Peru.
Os Uros, que começaram a construir estas originais ilhotas para escapar aos ataques de outros grupos étnicos como os Incas, falavam o seu próprio idioma, o uruquilla, mas por terem sido dominados, por um longo período, pelos Aimarás, acabaram por adoptar a sua língua, deixando desaparecer a sua.
As ilhas flutuantes dos Uros são construídas empilhando camadas sobre camadas de juncos e raízes da planta totora, resistente à água e que cresce abundantemente no lago.
As ilhotas estão ancoradas no fundo do lago, mas podem subir e descer sozinhas, de acordo com o nível da água, como se fossem jangadas. As casas e os barcos também são feitos de planta totora, que é a espinha dorsal da vida dos Uros. Esta planta é usada não apenas na construção, mas efectivamente em todas as áreas da vida comunitária: é consumida como alimento (chamam-lhe “banana do lago”), é utilizada como remédio para tratar malária e as suas flores são usadas para fazer chá.
Existem cerca de 40 ilhas flutuantes no lago, cada uma habitada por um máximo de trinta pessoas. Mas nem todas lá vivem. Algumas chegam apenas de manhã para esperar pelos turistas que desejam ver de perto as construções e conhecer melhor a cultura local, as suas tradições de pesca, caça e artesanato.
O turismo tornou-se uma importante fonte de subsistência para os Uros e os visitantes podem explorar as suas ilhas embarcando em canoas tradicionais.
As casas nas ilhas estão equipadas com painéis solares que produzem a energia necessária para fornecer electricidade aos electrodomésticos básicos, e os ilhéus que ali vivem em permanência criam inúmeras espécies de aves, que depois usam para se alimentar.
É um modo de vida sustentável, com séculos de existência, mas virado para o futuro e com muito para ensinar às gerações vindouras.
Fonte: Sapo