O uso de moeda electrónica no País continua a crescer rapidamente, com 95% da população adulta já a utilizar este tipo de serviço financeiro, em contraste com apenas 30% que têm uma conta bancária tradicional, de acordo com o boletim estatístico de Junho de 2024, divulgado pelo Banco de Moçambique (BdM), consultado esta quarta-feira (28) pelo Diário Económico.
Segundo o relatório, 94,5 em cada 100 adultos moçambicanos tinham uma conta electrónica até ao final de Junho de 2024, número que representa um aumento em relação aos 93,2% registados no final de 2023 e evidencia um crescimento significativo face aos 68,5% em 2022 e aos 67,2% em 2021. As IME permitem aos utilizadores realizar transacções financeiras de forma rápida e segura através de telemóveis, sem a necessidade de uma conta bancária tradicional.
O número de contas de moeda electrónica entre homens e mulheres também mostra uma diferença interessante: há 105,8 contas por cada 100 homens adultos, enquanto 81,8 mulheres em cada 100 têm uma conta IME. Este diferencial de género sugere um maior uso de serviços de moeda electrónica entre os homens, “o que pode estar relacionado com factores culturais e de acesso à tecnologia”.
Expansão da Rede de Agentes IME e Cobertura Nacional
O crescimento das IME é sustentado pela expansão contínua da sua rede de agentes. O número de agentes de moeda electrónica cresceu 12,2% no primeiro semestre de 2024, aumentando de 224 704 no final de Dezembro de 2023 para 252 144 em Junho de 2024. Desde Setembro de 2023, quando havia 203 240 agentes, que o número tem crescido de forma constante, cobrindo agora todos os 154 distritos de Moçambique. A cidade de Maputo lidera com 36 795, enquanto o distrito de Larde, na província de Nampula, tem apenas 11 agentes, reflectindo a disparidade de cobertura entre áreas urbanas e rurais.
Por outro lado, dos 154 distritos do País, 33 ainda não possuem agências de bancos tradicionais, um aumento em relação aos 26 distritos registados no final de 2023. Esta diferença sublinha a predominância das IME como o principal meio de acesso a serviços financeiros em muitas regiões.
Evolução e Futuro das IME
Desde a criação do primeiro serviço de carteira móvel, mKesh, pela operadora estatal Tmcel em 2012, seguido pelo M-Pesa da Vodacom em 2013 e o e-Mola da Movitel em 2014, o sector de moeda electrónica em Moçambique tem visto uma expansão notável. O crescimento das IME tem contribuído significativamente para a inclusão financeira, especialmente em áreas onde o acesso a bancos tradicionais é limitado.
Os dados do Banco de Moçambique mostram que o número de contas de moeda electrónica (IME) continuou a crescer significativamente. Até Junho de 2024, o total de contas IME alcançou 17 680 575, comparado com 16 797 499 contas registadas no final de 2023, o que representa um aumento substancial no período de seis meses. Por outro lado, o número de contas bancárias tradicionais também registou um crescimento, mas a um ritmo mais modesto, passando de 5 687 975 no final de 2023 para 5 885 095 em Junho de 2024. Estes números reforçam a tendência de preferência crescente pela moeda electrónica como meio de transacções financeiras em Moçambique.
Texto: Felisberto Ruco