O plano da África do Sul para expandir a sua rede eléctrica, actualmente o maior obstáculo à substituição do carvão por energias renováveis, deparou-se com um obstáculo: encontrar investidores que emprestem os 21 mil milhões de dólares necessários a um monopólio estatal quase falido.
Desde que as eleições de Maio levaram ao poder um Governo de coligação, tem havido uma mudança de política a favor das energias renováveis, após anos de atrasos burocráticos e mensagens contraditórias sobre a vontade da África do Sul de abandonar o carvão, que fornece 80% da sua energia.
Mas à medida que os fornecedores privados – incluindo a Mainstream Renewable (propriedade da Aker Horizons (AKH.OL), a EDF Renewables e a Acciona SA (ANE.MC) – se preparam para transformar o sector, muitos enfrentam outro problema: como levar a energia dos postos avançados ensolarados e ventosos para os centros urbanos sedentos de energia?
Seis funcionários afirmaram à Reuters, em Julho, que estavam a considerar opções para financiar cerca de 14 mil quilómetros (8700 milhas) de linhas eléctricas e postes, mas ainda não tinham encontrado uma solução.
“O nosso objectivo de descarbonização (…) depende fortemente da nossa capacidade de expandir a rede”, reiterou o novo ministro da Energia, Kgosientso Ramokgopa, à agência de informação.
“Mas ao angariar 390 mil milhões de rands (21,30 mil milhões de dólares), o Estado não tem o balanço financeiro para realizar um investimento de capital desta dimensão”.
Entretanto, os doadores que oferecem um total de 11,6 mil milhões de dólares, principalmente em empréstimos para financiar projectos relacionados com o clima, estão relutantes em emprestar o dinheiro necessário à empresa estatal de energia Eskom sem garantias soberanas, que o Governo não pode fornecer actualmente, explicaram duas fontes dos países doadores e uma fonte sul-africana envolvida no programa.
Isto deve-se aos seus elevados níveis de endividamento – a Eskom deve mais de 400 mil milhões de rands (21 mil milhões de dólares), mesmo depois de ter recebido milhares de milhões em alívio da dívida pública. Os municípios falidos também devem 78 mil milhões de rands (4,2 mil milhões de dólares) à empresa, o que Ramokgopa considera uma “ameaça existencial”.
Os representantes dos parceiros alemães e franceses no programa financiado pelos doadores não responderam às perguntas enviadas por correio electrónico, enquanto os parceiros britânicos se recusaram a comentar oficialmente.