A produção de açúcar na Açucareira de Mafambisse, localizada na província de Sofala, sofreu uma queda significativa de 47% nos últimos dois anos devido aos efeitos combinados das intempéries e das alterações climáticas, anunciou a administração da empresa, segundo escreveu a Lusa.
“Estamos a registar baixas na nossa produção de açúcar devido a algumas dificuldades provocadas pelas intempéries ocorridas nos últimos anos no País”, disse Pascoal Macule, director da Tongaat Hulett, grupo que detém a Açucareira de Mafambisse.
Segundo o responsável, a produção anual da açucareira, que anteriormente era de 75 mil toneladas, reduziu-se para 40 mil toneladas, resultando em avultados prejuízos para a fábrica. Além das dificuldades impostas pelas intempéries, a perda de aproximadamente 8 mil hectares de cana sacarina devido à seca e ao fenómeno El Niño também contribuiu para esta quebra acentuada.
Localizada no posto administrativo de Mafambisse, no distrito do Dondo, em Sofala, a açucareira tem capacidade instalada para produzir 92 mil toneladas de açúcar por ano. Contudo, os impactos das alterações climáticas têm dificultado a operação normal da unidade.
Moçambique é considerado um dos países mais severamente afectados pelas alterações climáticas no mundo, enfrentando ciclicamente cheias e ciclones tropicais durante a época chuvosa, que decorre entre Outubro e Abril. O período chuvoso de 2018-19 foi particularmente severo, causando a morte de 714 pessoas, das quais 648 foram vítimas dos ciclones Idai e Kenneth, dois dos maiores a atingir o País.
De acordo com a informação, a província de Sofala, no centro do território, tem sido das mais fustigadas pelas tempestades. No primeiro trimestre do ano passado, as chuvas intensas e a passagem do ciclone Freddy resultaram em 306 mortos, afectaram mais de 1,3 milhões de pessoas e destruíram 236 mil casas e 3200 salas de aula.
Para tentar mitigar os impactos negativos, a Tongaat Hulett anunciou recentemente uma injecção de 1,7 mil milhões de meticais nas açucareiras de Mafambisse e Xinavane, ambas em Moçambique. Esta injecção de capital visa contrariar o declínio contínuo nas vendas de açúcar e impedir que as importações de açúcar de baixo preço entrem no mercado interno e afectem a produção doméstica.
Entre as estratégias adoptadas pela Açucareira de Mafambisse para dar a volta à situação está a busca de mais parceiros financeiros para alavancar a empresa. “Reerguemo-nos, embora não atingindo as expectativas. Encontramo-nos neste momento a servir os mercados da África Ocidental, americano, Maurícias e Moçambique, e pensamos alargar o mercado de exportação do nosso produto para o vizinho Maláui”, concluiu Pascoal Macule.