A África do Sul terá de resolver urgentemente os estrangulamentos nas infra-estruturas ou arrisca-se a fazer descarrilar uma recuperação económica emergente, de acordo com a S&P Global Market Intelligence – empresa americana cujas principais áreas de negócios são informações e análises financeiras.
Estes desafios deixaram a economia mais industrializada de África a lutar para sustentar o crescimento durante a última década.
Thea Fourie, directora de Economia e Risco da África Subsaariana na S&P Global, apontou que, sem medidas urgentes, o país corre o risco de ficar ainda mais para trás.
“A resolução dos estrangulamentos nas infra-estruturas de energia, portos, caminhos-de-ferro e água é crucial para ultrapassar a fraqueza institucional e impulsionar o crescimento”, afirmou a representante num evento da Bloomberg, na terça-feira (6).
Embora as eleições de Maio tenham trazido uma réstia de esperança, proporcionando uma janela de oportunidade, o sucesso em tornar as reformas sustentáveis dependerá da estabilidade política e da concentração na implementação de mudanças genuínas.
A ineficiência da logística e da electricidade continua a ser um importante obstáculo ao crescimento, de acordo com a S&P Global Ratings – empresa de análises e pesquisas sobre bolsas de valores e títulos e classificação de risco – que prevê que a economia sul-africana cresça 1,1% em 2024 e uma média de 1,3% em 2025-2027, contra 0,6% em 2023. Numa base per capita, o crescimento real será de cerca de zero este ano.
A S&P avalia a notação em moeda estrangeira do país em “BB-/B” e a notação em moeda local em “BB/B”, com uma perspectiva estável.
Reformas cruciais como a Lei de Alteração da Regulamentação da Electricidade, que visa reduzir os obstáculos à produção e venda de energia, poderão ser fundamentais para resolver a crise energética que tem atormentado a nação. Da mesma forma, o impulso para aumentar a participação do sector privado no desenvolvimento de portos importantes como Durban e Richards Bay assinala uma mudança positiva no sentido de desbloquear o potencial económico, sublinhou Thea Fourie.
A sustentabilidade do Governo de unidade nacional, que foi recebida com muito optimismo pelos investidores, é um risco fundamental, uma vez que existe a possibilidade de paralisia política, já que os partidos lutam para encontrar um terreno comum em questões importantes.
O Congresso Nacional Africano formou o Governo de unidade nacional depois de as eleições de 29 de Maio lhe terem custado a maioria parlamentar, o que levou à coligação do partido com partidos favoráveis às empresas, incluindo a Aliança Democrática que, historicamente, tem opiniões divergentes.
Fonte: BNN Bloomberg