Durante o seu último informe no Parlamento, após uma década de mandato, o Presidente da República, Filipe Nyusi, assegurou que, apesar das “tempestades” e “convulsões”, o País está “no caminho do desenvolvimento sustentável”. Na mesma sessão, anunciou também um indulto a 2 mil condenados.
“Estou orgulhoso das conquistas que alcançámos juntos e confiante de que o legado deixado continuará a orientar Moçambique em direcção ao progresso. A decisão de priorizar a paz [acordos de 2019 com a Renamo] e a reconciliação foi, sem dúvida, uma das mais significativas que tomei durante os meus dois mandatos”, afirmou Filpe Nyusi durante a sua apresentação de mais de três horas e meia sobre a situação geral da Nação.
“Foi um privilégio servir incansavelmente, buscando melhorar as condições de vida de todos os concidadãos. Ao olhar para trás, vejo um percurso repleto de desafios, mas também de grandes vitórias. Aprendi lições valiosas, incluindo a importância da paciência, que levarei comigo para sempre”, acrescentou, ao apresentar pela última vez o balanço anual – habitualmente realizado no final do ano -, antecipado devido às eleições gerais em Outubro, nas quais não será candidato.
Filipe Nyusi destacou que os “resultados” do último mandato de cinco anos “são conquistas concretas e não meras palavras”. “Reflectem-se no dia-a-dia de cada cidadão. Hoje, temos mais acesso a água, energia, postos de saúde, escolas e outras infra-estruturas. Estas conquistas foram obtidas num contexto global de tensão, crise e agravamento das condições de vida.”
Reconhecendo “que ainda há muito trabalho a fazer”, Filipe Nyusi sublinhou: “os progressos dos últimos anos dão-nos a confiança para continuar a implementar políticas e programas que melhorem a vida de todos os Moçambicanos.”
Durante o seu discurso, o Presidente reconheceu os impactos negativos da covid-19, dos ciclones que afectaram o País durante o seu mandato, da insegurança causada por raptos e do terrorismo em Cabo Delgado, mas também destacou as oportunidades positivas, como o início das exportações de gás natural em 2022.
“Anunciei uma longa lista de realizações. Estas conquistas foram obtidas sob adversidades impostas a nós. Ao fazer o balanço deste percurso, afirmo que o País cresce economicamente e a Nação caminha resiliente rumo ao desenvolvimento sustentável”, afirmou, garantindo que o crescimento é “mensurável, economicamente”.
Moçambique realizará eleições gerais a 9 de Outubro, que incluirão eleições presidenciais, legislativas, para governadores de província e assembleias provinciais. O chefe do Estado apelou a uma “campanha eleitoral pacífica”.
“Apelo a uma participação massiva nas eleições, num ambiente de civismo e respeito aos adversários políticos, às autoridades e aos órgãos eleitorais”, disse.
Como em anos anteriores, e “em coordenação com as autoridades judiciárias”, Filipe Nyusi anunciou que em 22 de Dezembro deste ano será concedido um “indulto a cerca de 2 mil cidadãos condenados”. “Com esta medida de clemência, esperamos permitir que os cidadãos que preencham os requisitos necessários beneficiem desta oportunidade e possam retornar ao convívio familiar”, explicou.
Antes de assumir a Presidência em Janeiro de 2015, Filipe Nyusi foi ministro da Defesa Nacional.
“À medida que nos preparamos para uma nova fase na história de Moçambique, peço a todos os Moçambicanos que mantenham a unidade e o compromisso com o progresso. O futuro do País depende da nossa capacidade de trabalhar juntos, superando divisões e priorizando objectivos comuns. Que o nosso amor pela pátria seja sempre maior que qualquer adversidade. O futuro de Moçambique será brilhante”, concluiu.
“Aos ilustres deputados presentes, desejo um bom regresso aos círculos eleitorais e ao conforto familiar. Eu também estou prestes a descansar”, finalizou.