O Grupo Nedbank, um dos maiores grupos bancários de África, com operações na África do Sul, Namíbia, Essuatíni, Lesoto, Zimbabué e Moçambique, apresentou esta terça-feira, 6 de Agosto, o relatório de desempenho financeiro alusivo ao primeiro semestre de 2024
Numa conferência de imprensa, e olhando com mais detalhe para o desempenho do banco em Moçambique, Terence G. Sibiya, director-executivo do Nedbank Africa Regions começou por enaltecer “a importância de Moçambique como um dos vectores de crescimento do banco, continuando a ser um país-chave para nós, especialmente devido à energia, ao gás, às renováveis, as infra-estruturas, hospitais, escolas e a todas as oportunidades que daí advêm”, disse.
E se, ao nível do grupo, se destaca o aumento de 8% nos resultados líquidos em relação ao período homólogo, atingindo os 7,9 mil milhões de rands, e uma melhoria da rentabilidade dos capitais próprios (ROE), para 15,0% (H1 2023: 14,2%), resultados que se sustentam no crescimento da margem complementar (NIR, non-interest revenue), uma menor taxa de imparidades e uma estratégia de gestão de custos rigorosa, parcialmente compensada por um crescimento moderado da margem financeira (NII, net interest income), os resultados da operação em Moçambique acabam por estar ‘em linha’ com os do grupo sul-africano.
Joel Rodrigues, presidente da Comissão Executiva do Nedbank no País, apresentou, de seguida, alguns dos indicadores financeiros do primeiro semestre do ano, dos quais se destacam os resultados líquidos de 430 milhões de meticais, um aumento de 7% face ao ano anterior (402 milhões), o crescimento na carteira de depósitos de 7,04%, a melhoria da rentabilidade dos capitais próprios (ROE) para 15,92%, um rácio de eficiência (CTI, cost to income) de 54,98%, o rácio de liquidez a chegar 43,69%, demonstrando uma melhoria contínua e mantendo-se acima do limite regulamentar do Banco Central (25% rácio mínimo) e uma estrutura sólida de capital, com um rácio de solvabilidade de 26,11% (o regulamentar é de 12%).
Em relação a este último ponto, referiu: “mostra a forma conservadora como gostamos de gerir o nosso balanço. Queremos estar sempre preparados para os acontecimentos e ter almofadas de liquidez que nos permitam estar preparados para os mais diversos acontecimentos no nosso balanço”.
Contexto desafiante mesmo com descida das taxas de juro
O contexto económico, combinado com os elevados níveis de reservas obrigatórias que foram fortemente visadas pelos bancos comerciais durante o último ano e meio, pode ser visto na tendência descendente das taxas de juro nos últimos meses (quatro, desde o início do ano, por parte do Banco de Moçambique), uma das poucas boas notícias dos últimos meses. “Sabemos já que o aumento das reservas obrigatórias para quase 40% alterou naturalmente a nossa capacidade de gerar resultados porque agora temos um conjunto de activos estacionados que não geram dividendos. Mas, e mais importante do que isso, compete-nos olhar à forma como gerimos o nosso balanço e é isso que temos feito, de forma prudente. Daí a atenção com os nossos níveis de liquidez bastante robustos, notando-se isso nos indicadores financeiros sólidos, não obstante o difícil contexto macroeconómico impactado pela instabilidade no norte do País, e vivendo um ano eleitoral que é sempre um ano diferente, ao qual acresce a questão dos raptos”, tudo questões que, na opinião do PCE, ‘arrefecem’ o apetite dos investidores. No entanto, as descidas das taxas de juro que têm sido anunciadas “são um bom sinal para a banca e, acima de tudo, para os clientes. Não temos interesse em ter juros elevados, ao contrário do que se possa pensar. O que gostaríamos é que, associada à redução das taxas de juro, se juntasse o retomar dos volumes de crédito que será gradual. Temos um crescimento de 500 milhões de meticais (4,5% mais face ao período homólogo, com foco no crescimento do crédito ao consumo), mas gostaríamos de o ver aumentar, agora com as taxas de juro mais ‘simpáticas’ do que há uns meses”, anuiu.
O Grupo Nedbank é uma holding bancária cotada na Bolsa de Valores de Joanesburgo (JSE Limited), com um total de activos de 1,3 triliões de rands (702,7 mil milhões de dólares) e activos sob gestão de 448 mil milhões de rands (23,8 mil milhões de dólares) em 31 de Dezembro de 2023.
O Nedbank é um dos maiores grupos bancários de África, com operações na África do Sul, na Namíbia, no Essuatíni, em Moçambique, no Lesoto e no Zimbabué, e offshore na Ilha de Man e Jersey. Tem também escritórios de representação noutros países de África, incluindo o Quénia, e possui importantes centros financeiros globais para fornecer serviços bancários internacionais a clientes multinacionais baseados na África do Sul e a clientes de elevado património líquido em Londres, Toronto e Dubai.
Germano Ndlovo