A Polícia da República de Moçambique registou mais um caso de rapto na cidade de Maputo. A vítima, um empresário de 24 anos, foi sequestrada à porta da sua casa, na Avenida Francisco Orlando Magumbwe, na manhã desta segunda-feira (5), por volta das 8h40.
Segundo noticiado pelo jornal O País, o jovem empresário estava a entrar no seu veículo para se dirigir ao trabalho quando foi abordado por quatro indivíduos armados, que se faziam transportar numa viatura preta da marca Hyundai. De acordo com testemunhas, três dos sequestradores desceram do carro, enquanto o quarto permaneceu ao volante.
“Quando tentaram raptar o jovem, ele tentou escapar e entrou num táxi. No entanto, os criminosos seguiram-no, tiraram-no à força do táxi e colocaram-no no seu próprio veículo”, relatou uma testemunha. Várias pessoas tentaram intervir, mas foram ameaçadas pelos sequestradores armados.
Apesar da presença de agentes da polícia na área, que faziam patrulha a pé, a rápida acção dos raptores impediu qualquer tentativa de intervenção eficaz. “Os agentes da polícia disseram que iam chamar reforços, mas só chegaram após o sequestro ter sido consumado”, disse um dos seguranças locais, citado pelo jornal.
O porta-voz da PRM na cidade de Maputo, Leonel Muchina, confirmou a ocorrência, acrescentando que os agentes “fizeram tudo o que podiam” para impedir o rapto, mas foram limitados pela falta de mobilidade imediata. O porta-voz informou ainda estarem em curso operações conjuntas com o Serviço Nacional de Investigação Criminal (SERNIC) para localizar a vítima e identificar os criminosos.
Este incidente eleva para onze o número de raptos registados em Moçambique desde o início do ano, dez dos quais ocorreram na cidade de Maputo e um na Beira. Desde 2012, o País tem registado uma média de 15 raptos por ano, de acordo com dados divulgados pelo ministro do Interior em Março.
De acordo com a informação, a frequência e a audácia destes crimes têm gerado um clima de medo e insegurança entre a comunidade empresarial, especialmente entre empresários de origem asiática, que se sentem cada vez mais vulneráveis. “Os mandantes destes crimes continuam a escapar à justiça, mas os esforços para a sua localização estão em curso”, afirmou o ministro do Interior.
A onda de raptos deste ano teve início a 16 de Janeiro, na Avenida Filipe Samuel Magaia, quando um empresário foi baleado numa tentativa de sequestro. Desde então, têm-se sucedido diversos casos, destacando-se o rapto de proprietários de armazéns, lojas e outros estabelecimentos comerciais, muitas vezes em plena luz do dia e em locais movimentados.
Complementando estas preocupações, o Gabinete de Informação Financeira de Moçambique (GIFiM) revelou recentemnte que os crimes de raptos que têm assolado o País resultaram na movimentação de mais de 2,1 mil milhões de meticais (33 milhões de dólares) desde 2014, no âmbito de práticas de branqueamento de capitais. Um relatório de análise estratégica do GIFiM indicou que os indivíduos envolvidos nestes crimes têm recorrido a contas bancárias de familiares ou de pessoas próximas para branquear fundos provenientes desta actividade ilícita. Este método é utilizado para ocultar a origem criminosa dos fundos e enganar as autoridades fiscalizadoras.