A dependência dos combustíveis fósseis irá gradualmente dar lugar a uma dependência dos minerais, disse esta segunda-feira, 5 de Agosto, em Luanda, o especialista em energia e recursos naturais Flávio Inocêncio.
O responsável falava na 1.ª edição das Conversas “Economia Sem Makas”, um evento do economista Carlos Rosado de Carvalho, que teve como convidado o ministro dos Recursos Minerais Petróleo e Gás, Diamantino Azevedo, para falar sobre o tema “O que o Petróleo e Gás (Ainda) têm para dar a Angola e o que o país pode esperar dos minerais críticos”.
Comentando o suposto fim do petróleo, o analista considerou que o processo de transição energética já decorre há muito tempo, tendo passado dos combustíveis fósseis para os minerais.
Por isso, as petrolíferas ocidentais poderão estar cada vez menos interessadas em investir em Angola, sendo substituídas pelas grandes empresas asiáticas como principais investidores nos próximos anos, tendo em conta a maior procura por minerais críticos, essenciais para o sector da energia.
“Estamos a falar de uma substituição da dependência fóssil pela dependência mineral”, realçou Flávio Inocêncio, destacando que estes minerais se encontram essencialmente na Ásia, na América Latina e do Norte e em África.
Neste contexto, o especialista destacou ainda a importância do Corredor do Lobito, infra-estrutura ferroviária que liga o terminal do Lobito à fronteira com a República Democrática do Congo, e que é “um eixo estratégico para Angola em termos de minerais”.
“A transição energética vai ser uma transição para os minerais e aqui vemos um potencial enorme”, reforçou, considerando que a agricultura e os minerais serão os principais pilares para assentar a economia angolana.
Por sua vez, o director do Centro de Investigação Económica da Universidade Lusíada de Angola, Hertor de Carvalho, concordou com a visão do ministro da tutela sobre o tema da transição energética, depois de Diamantino Azevedo defender que esta deve ser feita de acordo com as necessidades de cada país, e não imposta.
“Tendo a concordar com o ministro. A questão tem de ser posta de uma maneira diferente”, frisou o académico, argumentando que cada país deveria ter uma quota da poluição mundial, “e quem polui mais deve pagar a quem polui menos”.
“Assim, os mais poluidores teriam de diminuir a poluição para pagar menos e os menos poluidores também teriam interesse em diminuir para poder vender mais”, de forma que não prejudiquem os países menos desenvolvidos, sugeriu.
Fonte: Lusa