O regime económico e financeiro internacional deve ser reformado com urgência para corrigir os desequilíbrios que prejudicam as necessidades socioeconómicas dos países africanos. Foi o que alguns directores-executivos afirmaram num fórum virtual em Nairóbi, a capital do Quénia.
O sistema financeiro global, na sua forma actual, tem prejudicado as nações africanas que se debatem com a redução do espaço fiscal, a crise climática e o elevado desemprego juvenil, referiram os CEO.
A directora-executiva do Instituto de Informação e Negociações Comerciais da África Austral e Oriental (SEATINI) – Uganda, Jane Nalungu, declarou que, ao reformar a arquitectura financeira internacional estabelecida há mais de 70 anos, os Estados africanos terão uma melhor influência na mobilização de receitas internas, na transição ecológica e na redução da pobreza.
“O debate em curso sobre a reforma do sistema económico e comercial global surge no momento oportuno para África, à medida que exploramos formas de abordar a estagnação crónica que tem prejudicado a prestação de serviços críticos como a educação e a saúde”, frisou Nalungu.
De acordo com a responsável, mesmo a globalização não trouxe os benefícios socioeconómicos desejados em África, uma vez que o continente se encontra a negociar mais com matérias-primas agrícolas mais baratas.
Além disso, Nalungu sublinhou que a dependência excessiva dos produtos de base excluiu os países africanos de um sistema de comércio global que favorece o comércio de tecnologia, serviços e bens de valor acrescentado.
Ao reformar os tratados financeiros e comerciais internacionais, será possível abordar o ciclo de endividamento, o défice comercial e os desafios da balança de pagamentos que pesam fortemente sobre os Estados africanos, observou a responsável.
Já Chenai Mukumba, director-executivo da Tax Justice Network Africa, defendeu que o impulso em curso para democratizar o regime financeiro e fiscal global irá beneficiar o continente em termos de impulsionar a mobilização de recursos internos, controlar as dívidas públicas e melhorar o acesso a serviços básicos como a água, a educação, o saneamento e a saúde.
Esta é uma das razões pelas quais Mukumba defende que o continente pode tirar partido da sua vasta riqueza mineral, das reformas internas e de uma melhor responsabilização para estimular o crescimento económico, limitar os empréstimos e aliviar as tensões políticas.
Por outro lado, salientou que o reforço da supervisão é fundamental para colmatar as lacunas jurídicas que aumentaram a fuga de capitais e a evasão fiscal por parte das empresas multinacionais que investiram no continente, negando aos governos receitas para apoiar a prestação de serviços essenciais como a água potável, a electricidade, a educação e a saúde.
Por sua vez, Jason Braganza, director-executivo do Fórum Africano e da Rede sobre a Dívida e o Desenvolvimento, reiterou que a urgência de reformar a arquitectura financeira global se deve à necessidade de acelerar uma transição ecológica, justa e resiliente num continente que já enfrenta emergências climáticas, um crescimento lento, a ameaça de pandemias e tensões sociais ligadas à pobreza.
Fonte: Xinhua