A operadora de hóteis sul africana, Southern Sun, afirmou, no seu relatório anual, publicado na última quarta-feira (31 de Julho), que a sua unidade de Durban estava a passar por “um período comercial difícil” que atribui a uma combinação de problemas, principalmente “a má reputação da cidade e os atrasos no porto, que causam o desvio de negócios de transporte marítimo para Maputo”, pode ler-se.
Numa carta conjunta aos investidores, o CEO da Southern Sun, Marcel von Aulock, e o presidente John Copelyn disseram que “apesar dos atrasos no desenvolvimento dos sectores de petróleo e gás em Moçambique, a Southern Sun e a StayEasy, em Maputo, alcançaram um crescimento de 37% no ebitda (lucros antes de juros, impostos, depreciação, amortização e reestruturação), beneficiando dos negócios de transporte marítimo redireccionados do porto de Durban”.
Atrasos no Porto de Durban estão a fazer aumentar tráfego no Porto de Maputo e isso tem efeito na ocupação do Southern Sun que viu aumentar ocupação do Southern Sun e a StayEasy, em Maputo.
“KwaZulu-Natal teve um ano difícil e, embora fosse a região mais forte do grupo durante a pandemia, quando beneficiou do turismo doméstico, bem como de negócios corporativos e governamentais devido à sua proximidade com Gauteng, a sua contribuição para o ebitda reduziu-se para 16% do ebitda total do grupo.
Durban tem lutado para atrair turismo, uma vez que a má publicidade sobre questões como águas do mar poluídas e os efeitos dos motins de Julho de 2021 afectam a percepção pública da cidade”, disseram. A procura corporativa também se deslocou para Umhlanga, onde o grupo estava sub-representado.
Durban é um centro crucial para a região da África Austral, servindo como um elo comercial para o Extremo Oriente, Médio Oriente, Australásia, América do Sul, América do Norte e Europa. A jóia da coroa do portefólio de portos da Transnet, o Terminal de Contentores Pier 2 de Durban, lida com 72% do tráfego portuário de Durban e 46% do tráfego de importação e exportação da África do Sul.
Mas com o mau serviço da Transnet, caracterizado por constantes congestionamentos e atrasos no principal porto da África do Sul em Durban, o porto de Maputo tem-se expandido rapidamente nos últimos anos, para atender às demandas das economias em expansão da África do Sul e de Moçambique.
Copelyn, que também é CEO da Hosken Consolidated Investments, que detém participações na Southern Sun, Tsogo Sun e eMedia, foi igualmente severo sobre a disfunção de Durban no relatório anual do grupo, publicado na quinta-feira (1). “A municipalidade de Durban, por exemplo, lançou recentemente concursos para dois dos hotéis mais icónicos na orla marítima de Durban, o Maharani e o Elangeni. O facto de nenhum grupo hoteleiro ter considerado sequer visitar os hotéis para avaliar a possibilidade de apresentar uma proposta forçou-nos a reconhecer que estamos, em grande parte, sozinhos nos nossos esforços para manter a área como o destino vibrante de férias que tem sido durante muitas décadas”, declarou.
Empresas locais, incluindo mineradoras e a operadora de logística industrial Grindrod, estavam a utilizar cada vez mais o porto de Maputo como alternativa para evitar os dispendiosos atrasos no porto de Durban, que está estrategicamente posicionado como uma porta de entrada para a região da África Subsaariana e está próximo do centro industrial de Gauteng, bem como das regiões mineiras de Limpopo e Mpumalanga.
Em Fevereiro, o Governo moçambicano prolongou a sua concessão com a Grindrod, DP World e outros operadores para ajudar a gerir o porto até 2058, incluindo uma expansão de 2 mil milhões de dólares que atrairá cargas da infra-estrutura comercial arcaica da África do Sul.
Um plano de recuperação faseado da Transnet foi introduzido para estabilizar o desempenho operacional e financeiro do porto sul-africano até Março de 2025, incluindo um pacote de 47 mil milhões de rands (cerca de 2,5 mil milhões de dólares) do Tesouro. Pretende expandir e modernizar a capacidade de contentores nos portos, através de uma participação acelerada do sector privado e transacções estratégicas, mas o seu efeito total ainda está por materializar-se