As receitas da exportação de gás natural por Moçambique registaram um crescimento significativo de 30% no primeiro trimestre de 2024, atingindo 28 mil milhões de meticais (443 milhões de dólares), de acordo com dados divulgados pelo Banco de Moçambique (BdM).
Segundo foi informado pela Lusa, este aumento nas receitas contrasta com os 21,5 mil milhões de meticais (340,9 milhões de dólares) registados no mesmo período de 2023.
De acordo com o documento do BdM, “o aumento nas receitas do gás natural resulta do acréscimo do volume exportado associado ao início da exploração e exportação do gás da Área 4 da Bacia do Rovuma, apesar de o preço médio no mercado internacional ter registado uma queda de 43,5%”.
Moçambique detém as terceiras maiores reservas de gás natural em África, estimadas em 180 milhões de pés cúbicos. Actualmente, o País conta com três projectos de desenvolvimento aprovados para a exploração destas reservas na Bacia do Rovuma, uma das maiores do mundo, situada ao largo da costa de Cabo Delgado.
Em 2023, as vendas de gás natural por Moçambique atingiram 107,4 milhões de meticais (1,7 milhões de dólares), um valor que triplicou face ao de 2022. Este crescimento colocou o gás natural próximo do carvão, que ainda lidera entre as exportações moçambicanas.
“O aumento nas receitas do gás natural resulta do acréscimo do volume exportado associado ao início da exploração e exportação do gás da Área 4 da Bacia do Rovuma, apesar de o preço médio no mercado internacional ter registado uma queda de 43,5%”
Os dados do BdM mostram que, em 2023, a exportação de gás natural aumentou 218% em relação ao ano anterior, quando essas vendas totalizaram 34,1 mil milhões de meticais (541,6 milhões de dólares). O valor exportado em 2023 equivale à soma das exportações de gás dos anos de 2017 a 2022, que totalizou mais de 113,7 milhões de meticais (1,8 milhões de dólares).
Este crescimento nas exportações de gás natural é explicado pelo início das operações na Área 4 da Bacia do Rovuma, no final de Outubro de 2022. Este projecto é liderado pela Mozambique Rovuma Venture (MRV), uma ‘joint venture’ entre a ExxonMobil, Eni e CNPC (China), que detém 70% de interesse no contrato de concessão e já está em fase de produção.
A Eni, que é a concessionária da Área 4 do Rovuma, está a desenvolver uma segunda plataforma flutuante, chamada Coral Norte, para aumentar a extracção de gás. De acordo com a Lusa, Uma fonte da petrolífera italiana afirmou que esta nova plataforma será uma réplica da primeira, actualmente em construção na Coreia do Sul.

Este projecto inclui a aquisição de uma segunda plataforma flutuante FNLG para a área Coral Norte, semelhante à que opera desde meados de 2022 na área Coral Sul. “A Eni está a trabalhar para o desenvolvimento do Coral Norte através de uma segunda FLNG em Moçambique, aproveitando a experiência e as lições aprendidas na Coral Sul FLNG, incluindo as relacionadas com custos e tempo de execução”, referiu a mesma fonte.
Um documento divulgado anteriormente pela Consultec, em colaboração com a Eni, indica que este investimento poderá atingir 442,2 mil milhões de meticais (7 mil milhões de dólares), estando sujeito à aprovação do Governo. Se o cronograma for cumprido, a plataforma começará a produzir no segundo semestre de 2027, antes dos projectos em terra, que enfrentam desafios de segurança devido à insurgência armada em Cabo Delgado.
A Coral Norte ficará situada a 10 quilómetros a norte da Coral Sul, cuja produção começou em Novembro de 2022, tornando-se o primeiro projecto a explorar as vastas reservas da Bacia do Rovuma.