Um estudo internacional recente revelou que as florestas moçambicanas têm a capacidade de armazenar até 120% mais carbono do que se estimava anteriormente. A pesquisa, liderada por cientistas da University College London (UCL) em colaboração com a Sylvera, destacou a importância crucial desses ecossistemas na captura de carbono e na mitigação das mudanças climáticas.
Segundo informações do portal Club of Mozambique, o estudo publicado na revista Communications Earth & Environment utilizou tecnologias avançadas de varredura a laser terrestre e drones para colectar dados detalhados em mais de 500 quilómetros quadrados de florestas de Miombo em Moçambique.
Os resultados surpreenderam ao demonstrar que as florestas de Miombo, típicas da região Subsaariana da África, armazenam entre 1,5 a 2,2 vezes mais carbono do que estimativas anteriores baseadas em métodos convencionais. “Esta descoberta ressalta a subestimação histórica do papel desses ecossistemas como sumidouros de carbono e destaca a importância urgente da sua preservação”, lê-se no documento.

O estudo destaca que, além de regular o clima e os recursos hídricos, as florestas de Miombo sustentam milhões de meios de subsistência locais e abrigam uma rica biodiversidade. No entanto, o desmatamento das últimas décadas reduziu significativamente a sua extensão, de 2,7 para 1,9 milhão de quilómetros quadrados, aumentando a urgência na conservação desses biomas.
“É crucial a precisão das medições 3D obtidas neste estudo para compreendermos melhor o potencial de armazenamento de carbono das florestas de Miombo”, afirmou o professor Mat Disney, do Departamento de Geografia da UCL. “Estes resultados reforçam a necessidade premente de políticas e investimentos dedicados à conservação desses ecossistemas vitais.”
A pesquisa conclui afirmando que a aplicação destes novos dados pode ter implicações significativas nos esforços globais de mitigação das mudanças climáticas, evidenciando o papel essencial das florestas moçambicanas, não apenas na captura de carbono, mas também na promoção da resiliência climática e na protecção da biodiversidade local.